O valor da floresta em 3 minutos – Conhecer para Amar

Para que as sociedades humanas cedam mais área à floresta será necessário que conheçam os benefícios que advêm da floresta, que passem tempo de qualidade na floresta e que usufruam do silêncio natural (a música da natureza). O silêncio natural é um recurso que cura e que se encontra ameaçado.

Título do projeto: O valor da floresta em 3 minutos – Conhecer para Amar

Objetivo do projeto: Contribuir para que o Ser Humano Ame a Floresta

Mensagem chave: Para que as sociedades humanas cedam mais área à floresta será necessário que conheçam os benefícios que advêm da floresta, que passem tempo de qualidade na floresta e que usufruam do silêncio natural (a música da natureza). O silêncio natural é um recurso que cura e que se encontra ameaçado.

Descrição sobre como o projeto foi desenvolvido:

A Professora Francisca Carvalho convidou os seus alunos a realizar um vídeo sobre o valor da floresta. Quatro alunos da turma 10.º D abraçaram o projeto.  Tendo a professora um grupo de alunos com quem trabalhar, escreveu um texto (encontra-se abaixo) que serviu de base ao trabalho dos alunos . Estes questionaram o texto, contribuíram para a sua melhoria, resumiram o texto a ideias chave que apresentam no vídeo “O valor da Floresta em 3 minutos – Conhecer para Amar”. Os alunos pesquisaram e selecionaram pequenos vídeos (com Creative Commons) que editaram. Estes serviram de palco às suas locuções sobre o que consideram importantes disseminar para atingir o seu grande objetivo: Fazer com que o Ser Humano Ame a Floresta.

O vídeo encontra-se aqui:

 

Informação sobre o fundamento teórico de base e fontes de informação usadas:

O Valor da Floresta

Para amar a floresta é necessário conhecê-la. Incentivar os portugueses a embrenharem-se, periodicamente, nas florestas, para caminhar, observar os padrões criados pela natureza que se repetem ininterruptamente e são iguais em qualquer escala (fractais), desfrutar do ar, dos odores, dos sons e das cores, consciencializá-los-á para a saúde, criatividade e felicidade que as florestas proporcionam.

A nível Social

Os portugueses encontraram novos mundos viajando sobre madeira. Em Portugal, do século XV ao XVI, havia mais de uma dezena de estaleiros1, nos quais a construção de um só barco requeria a madeira proveniente de 4000 árvores de grande porte2. O Rei D. Afonso V, em 1439, autorizou o abate dos pinhais do Ribatejo para produção de barcos3, em 1471, proibiu a exportação de madeira, e, em 1474, autorizou o corte de árvores pertencentes ao clero4. O grau de desflorestação acentuou-se. Em 1565 emergiu a Lei das Árvores que apelava ao plantio de árvores para produção de madeira, incentivando a reflorestação de terrenos baldios com carvalhos, pinheiros e castanheiros5. Do século VI ao XX, os documentos foram escritos com tinta ferrogálica, a qual se produz com zoocecídias, neoformações desenvolvidas por carvalhos na sequência da oviposição de vespas parasitas6. Assim, a floresta, além de permitir navegar por mares desconhecidos, também facilitou a disseminação da informação escrita7.

A nível Ambiental

As florestas permitem manter elevados níveis de biodiversidade, purificam o ar e a água, diminuem a erosão e são fonte de diversas matérias-primas. Diversos estudos científicos provaram que: a) duas horas de caminhada na floresta reduzem a pressão sanguínea, o stresse, os níveis de glicemia, melhoram a saúde metabólica, cardiovascular, a memória, a concentração e reforçam o sistema imunitário; b) 72 horas de permanência na floresta aumentam em 50% as Células NK – exterminadoras de células indesejáveis – e até 48% a presença de proteínas anticancerígenas; c) os passeios pela floresta, o contacto com as árvores e com o solo melhoram a memória e a criatividade8. As árvores arrefecem o ar, filtram os gases poluentes (monóxido de carbono; óxidos de nitrogénio, ozono, óxidos de enxofre, etc.), removem as partículas (pó, pólen, fuligem, fumo…) que inalamos ao inspirar o ar. Este último efeito ocorre porque as partículas depositam-se nas folhas e, subsequentemente, devido à chuva são arrastadas para o solo, onde se depositam7. Em 2016, a poluição atmosférica casou a morte de 7 milhões de pessoas9. Uma só árvore pode absorver 4,5 Kg de poluentes atmosféricos por ano. Um estudo realizado, em 2014, em Londres revelou que as árvores da cidade captavam 2261 toneladas de poluentes por ano10.

A nível Económico

Durante o primeiro semestre de 2021, 1422 milhões de euros foi o saldo comercial das transações de produtos florestais, especialmente, de madeira, mobiliário, construções de madeira e diversos de vime, pastas de madeira, papel, cartão e cortiça. Estes produtos representam cerca de um décimo das exportações nacionais11. Espaços isentos de ruído de origem antrópica, nos quais se possa desfrutar do silêncio natural (a música da natureza) estão em extinção11. Escutar o silêncio natural é-nos indispensável para nos mantermos saudáveis, e, sendo um dos recursos mais ameaçados no planeta poder-se-á revelar mais um fator de peso na preservação e rentabilização da floresta. Na Finlândia o silêncio natural já está a ser mercantilizado, tornou-se uma forma de atrair turistas12.

Referências

1GOMES, V. R. (2016) – Antecedentes da Construção Naval em Portugal – in R. Gomes e M. Gomes (eds.), A gestão dos recursos florestais portugueses na construção naval da idade moderna: História e arqueologia Forseadiscovery Project (PITN-GA-2013-607545), Instituto de Arqueologia e Paleociências, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, p. 31. ;

2CRESPO-SOLANA, A. (2016a) – “Forseadiscovery: Génesis y marco histórico- metodológico de un proyecto interdisciplinar en humanidades” – in R. Gomes e M. Gomes (eds.), A gestão dos recursos florestais portugueses na construção naval da idade moderna: História e arqueologia Forseadiscovery Project (PITN-GA-2013-607545), Instituto de Arqueologia e Paleociências, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, p.7. ;

3MARQUES, J. M. da S. (1988) – Descobrimentos Portugueses – Documentos para a sua História, vol. I, Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, p. 399.;

4REBOREDO, F.; PAIS, J. (2012) – A construção naval e a destruição do coberto florestal em Portugal – Do século XII ao século XX, Ecologia, nº 4, pp. 31-42.;

5DEVY-VARETA, N. (2002) – “Fomento e ordenamento florestal nas regiões litorais durante a Época Moderna”, in O litoral em perspectiva histórica (Séc. XVI a XVIII). Porto: Instituto de História Moderna, Porto, p. 172.;

6Fernandes, F.M. (2021). Zoocecídias. Casa das ciências. https://www.casadasciencias.org/recurso/8951 (acedido a 29/12/2021);

7Díaz Hidalgo, R.J., Córdoba, R., Nabais, P. et al. New insights into iron-gall inks through the use of historically accurate reconstructions. Herit Sci 6, 63 (2018). https://doi.org/10.1186/s40494-018-0228-8 Raftery, A.  (RISD faculty) https://www.instructables.com/Making-Iron-Gall-Ink/ (acedido a 2/10/2021);

8Li, Q. (2018). Shinring-yoku. A Arte Japonesa da Terapia da Floresta. Como as árvores nos ajudam a ser mais saudáveis e felizes. 20|20 Nascente Editora, Amadora, Portugal.;

9Roser, M. (2021). Data Review: How many people die from air pollution? Our world in data. https://ourworldindata.org/data-review-air-pollution-deaths (acedido a 29/12/2021);  (10) Barkham, P. (2015). London is a forest – who knew? https://www.theguardian.com/commentisfree/2015/dec/07/london-forest-i-tree-study (acedido a 29/12/2021);

11Espirito Santo, M. (2021). Produtos florestais representam quase um décimo das exportações nacionais. https://eco.sapo.pt/2021/08/09/produtos-florestais-representam-quase-um-decimo-das-exportacoes-nacionais/ (acedido dezembro 2021);

12Gross, D. A. (2016). This Is Your Brain on Silence. Contrary to popular belief, peace and quiet is all about the noise in your head. https://nautil.us/issue/38/noise/this-is-your-brain-on-silence-rp / (acedido a 29/12/2021)

António Esteves, Beatriz Bastos, Catarina Fernandes, Dinis Pitta Gouveia