Viajem no tempo até ao passado tropical de Lisboa

Sabe o que são briozoários? Sabia que há 22 milhões de anos existiam recifes em Lisboa? Na Rua Sampaio Bruno, em Campo de Ourique, é possível encontrar um Geomonumento que nos permite fazer uma viagem no tempo até um passado tropical de Lisboa. Esta fotorreportagem dá a conhecer um pouco a nossa história anterior à nossa história enquanto espécie.

 

O afloramento de calcário com fósseis de briozoários (invertebrados marinhos construtores de recifes, à semelhança dos corais) nesta rua em Campo de Ourique, representa um precioso testemunho do passado geológico da região onde, há mais de 20 milhões de anos depois, surgiu a cidade de Lisboa. Nessa altura havia aqui um mar litoral, de pequena profundidade, com águas tépidas e muito límpidas, favorável ao desenvolvimento de um ambiente recifal. A protecção e valorização deste e de outros geomonumentos existentes na cidade e a sua colocação ao serviço do público, como bens culturais e pedagógicos de reconhecido interesse na área das Ciências da Terra, resultaram de um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Museu Nacional de História Natural.

Este Geomonumento é uma autêntica aula ao ar livre sobre a história da Terra.

Maria, moradora na zona, desconhecia a existência deste geomonumento até à data da sua proteção. Desde então que diz a todos que mora perto de um.

É datado do Aquitaniano (Miocénico Inferior), terá uma idade compreendida entre 21 e 23 M.a. e materializa o fundo marinho de uma plataforma recifal.

Podemos observar um nível de calcário argiloso onde se destacam concreções carbonatadas (saliências) que correspondem a colónias semiesféricas de briozoários com alguns centímetros de diâmetro.

O regime de agitação marinha da época levava a que estas colónias se movimentassem em vaivém, por rolamento, nos fundos, à semelhança do que sucede com os sedimentos, conduzindo ao aspecto de estratificação entrecruzada visível no afloramento. Subjacente a este nível existe uma camada de natureza argilosa que terá sido explorada como barreiro (exploração de barros) pela antiga Cerâmica Lisbonense.

 

Referências

http://sopasdepedra.blogspot.pt/2008/09/geomonumento-da-rua-sampaio-bruno-em.html. Consultado em 23 de maio de 2018.

http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/geomonumento-da-rua-sampaio-bruno. Consultado em 23 de maio de 2018.

João Diogo Gomes e Federico Cestelli