Valsassina – mais do que um colégio, uma comunidade

O Colégio Valsassina, localizado junto ao parque da Bela Vista, onde todos os anos decorre o festival Rock in Rio, tem vindo a distinguir-se pelas suas intervenções no âmbito da inclusão social e da proteção ambiental, conseguindo promover a proatividade de todos os membros integrantes da comunidade escolar. Tanto o diretor, João Gomes, como pais e alunos, apontam as atividades extra curriculares como um dos pontos fortes do Colégio.

Por ter nos últimos quinze anos participado ativamente no Programa Eco-Escolas, por colaborar em parceria com o Projeto Jovens Repórteres para o Ambiente, e sobretudo por, de ano para ano, procurar apostar em diversas áreas de sensibilização ambiental, procurou-se compreender qual o efetivo impacto das iniciativas do Colégio Valsassina no meio social onde se insere.

Esta instituição de ensino, que forma crianças e jovens dos três aos dezoito anos, por meio de um sistema que procura desenvolver competências interpessoais, tem levado a cabo diversas iniciativas relacionadas, entre outras, com a redução da emissão de dióxido de carbono e produção de energia elétrica, mediante o uso de painéis fotovoltaicos, tendo em vista o aumento da eficiência energética.

Outra das temáticas particularmente valorizadas por esta instituição centenária é a inclusão social. Neste âmbito, são postos em prática projetos que visam incentivar uma “cidadania ativa”[1], baseada na interação dos alunos com outros jovens do bairro social, fomentando a entreajuda e a cooperação – “o facto de os alunos, via projetos de âmbito social, passarem para a comunidade, ou via projetos de investigação saírem literalmente do espaço físico da aula é determinante.”, afirma João Gomes, diretor do Colégio.

João Gomes apresenta como essencial o contacto entre a comunidade e a população escolar: “(…) temos muitos projectos em ligação com a comunidade ou da comunidade para o Colégio (…) É bom para as duas partes.”, destacando a integração de habitantes do bairro no corpo não docente e a parceria com o Centro Maximiliano Kolbe, que permite que os alunos do colégio se voluntariem para ajudar estudantes da comunidade com pouco aproveitamento curricular. Ainda neste contexto, o diretor destaca duas iniciativas: o “Speed Date Solidário”, que possibilita o encontro entre alunos e adultos com o objetivo de proceder ao levantamento das necessidades (bens, serviços ou tempo a disponibilizar) das famílias que precisam de apoio; e a recolha de alimentos, vestuário, produtos de higiene, entre outros.

No que diz respeito a questões de sustentabilidade, está, segundo o diretor, bem presente o compromisso contínuo de melhorar ações levadas a cabo no seio da instituição e a amplificação do seu impacto. Neste sentido, o colégio incentiva a sua comunidade escolar a participar em atividades como a gestão de um talhão e põe em pática medidas concretas para a redução das emissões de carbono, através, por exemplo, da substituição de caldeiras a petróleo por coletores solares para o aquecimento das águas, no âmbito do projeto “Gestão Voluntária de Carbono”, ou as sucessivas melhorias das suas instalações, nomeadamente o uso de vidros duplos e consequente melhorias no isolamento das salas de aula, tendo sempre em vista o aumento da eficiência energética. Contudo, João Gomes afirma com firmeza “Nunca estamos satisfeitos”, realçando a importância que o colégio atribui à tentativa de ir sempre um pouco mais longe nas suas iniciativas: “pretendemos uma integração cada vez maior em áreas que não são propriamente emergentes, mas que começam a ser cada vez mais trabalhadas, como a literacia oceânica (…)”. De facto, quando entrevistados, os alunos mostraram-se proativos e entusiasmados ao descrever a sua participação nestas campanhas entre as quais realçaram atividades como o surf, passeios em espaços naturais, a plantação de árvores em garrafas para a reflorestação de áreas ardidas e voluntariado em canis e gatis – atividades que comprovam o empenho do colégio em colocar os seus alunos em contacto com o ambiente natural e incentivar a sua proteção.

Os encarregados de educação estão igualmente conscientes da importância destas iniciativas para o desenvolvimento pessoal dos seus educandos, mostrando-se satisfeitos ao relatar experiências por estes vividas no âmbito da sustentabilidade – “consegue-se fazer uma gestão muito interessante dos tempos livres, além do programa curricular. Estou satisfeita”, afirma, animada, uma encarregada de educação. A sensibilidade que se desenvolve nas crianças em termos de respeito pela Natureza parece ser um fio condutor na estratégia educativa do colégio, que os pais confirmam despertar nos alunos a vontade de aplicar as práticas sustentáveis aprendidas no ambiente familiar. Entre as atividades, foi destacada uma visita de estudo à Tapada de Mafra, que proporcionou aos alunos o contacto com hortas e animais e a aprendizagem de estratégias para aplicar em casa.

De maneira geral, os vários membros da comunidade escolar parecem concordar quanto à responsabilidade de cada um na promoção do respeito, não apenas entre alunos, professores e a população do bairro envolvente, como na relação que se estabelece com o planeta, que o Colégio Valsassina se compromete a salvaguardar.

[1] «“ Ajuda como Podes” é mais do que um projeto de cidadania» in Gazeta Valsassina. 2018. Colégio Valsassina, Área Científica de Educação para a Cidadania

Grupo4

Bárbara Sexauer , Miguel Teotónio , Pedro Pena , Rúben de Matos