Uma Viagem Sustentável no Tempo

No alto da cidade de Braga encontra-se o Mosteiro de São Martinho de Tibães. Imponente, é fruto de sucessivas intervenções desde o século XI, que levaram este mosteiro a ser considerado uma atração turística da região. O mosteiro, nos seus primórdios, pertenceu à Ordem dos Beneditinos (como se pode verificar na disposição dos Santos no altar-mor, São Bento à esquerda, Santa Escolástica à direita e São Martinho no centro) sendo que hoje é propriedade do Estado Português.

A igreja, é uma das partes mais importantes do mosteiro, foi construída com pedra granítica da região bem como madeira de pinheiro revestida com talha dourada nos altar-mor e adjacentes. Neste local encontra-se também o órgão, que funcionava a foles, sendo os “foleiros” as pessoas encarregues de encher com ar o mesmo. 

Mas nem só do seu espaço interior vive o mosteiro. Cá fora, existe a “cerca”, uma área verde que conta com mais de 40 hectares. No passado, era a partir das hortas que os monges sobreviviam de forma autossuficiente, sustentável e recorrendo ao atual modelo de economia circular dado que, por exemplo, o lixo orgânico produzido pelo mosteiro era utilizado como adubo nas hortas.

O aqueduto, que abastece o mosteiro e a Cerca com água, funcional até aos dias de hoje.

Relativamente à água, tinha o papel essencial de irrigar os campos agrícolas utilizados pelos monges. Este bem indispensável era, e continua a ser, proveniente de minas ou nascentes existentes no terreno, sendo transportado por um aqueduto. Os tempos mudaram, mas a técnica de rega não. “Não utilizamos nada destas novas invenções para a agricultura.” Afirma Cláudia, guia do Mosteiro S. Martinho de Tibães. Atualmente, o milho ali produzido, é vendido para consumo de gado bovino. As escolas da freguesia aproveitam o espaço e pontualmente criam pequenas hortas, de forma a que as crianças possam acompanhar o crescimento das plantas.

A cerca tem uma extensa biodiversidade, incluindo espécies endémicas. Do ponto de vista da fauna, este espaço possui diversos exemplares de Chioglossa lusitanica, vulgarmente apelidada de salamandra-lusitânica. Para além disso, o mosteiro alberga treze das vinte e três espécies de morcegos conhecidas em Portugal. No meio da vegetação frondosa da “cerca” é ainda possível observar dois exemplares de árvores que estão classificadas pelo ICNF, como árvores de interesse nacional, tratam-se do Cedro-do-himalaia e um Pinheiro-bravo. Ao longo dos últimos dois anos que, coincidiram com o período pandémico, o Mosteiro promoveu diversos eventos de promoção da biodiversidade do local.

Alicia Dalot, Beatriz Batista, Carlos Borges, Carolina Faria, Daniela Andrade, Juliana Santos, Mariana Costa, Maria Brito, Mateus Fernandes, Nadja Pereira, Sara Carvalho, Raquel Rodrigues , Rodrigo Miranda