Tejo: paisagem cultural

Tejo: Paisagem Cultural

Desde sempre mostrámos uma genuína preocupação com o ambiente. Por isso, nós, os Jovens Repórteres para o Ambiente, envolvemo-nos no projeto “Tejo: paisagem cultural”.
Este projeto visa o reconhecimento da paisagem cultural tagana como uma unidade orgânica a proteger e a incluir na lista do Património Mundial da UNESCO e, através de uma parceria estabelecida entre a Associação Tagus Universalis e a Associação de Professores de Geografia, têm vindo a desenvolver-se diversas atividades que envolvem professores e alunos de várias escolas situadas ao longo do vale deste belo rio. Este projeto permitiu também a criação da Rede Transnacional de Cultura do Tejo.
A nossa professora de Geografia, Manuela Cardoso, incluiu a nossa escola neste projeto e dinamizou uma visita a Vila Velha de Ródão, realizada no dia 18 de outubro de 2014, tornando assim possível o contacto de todos os interessados com a realidade paisagística, natural e cultural do rio Tejo, logo após a sua entrada em território nacional.
Eram cerca de 10:45 horas quando o autocarro que transportava os 32 participantes, na sua larga maioria geógrafos oriundos da área metropolitana de Lisboa, nos agraciou com a sua presença. Para os receber com chave de ouro, o município ofereceu uma sessão de “boas vindas”, e a “professora-geógrafa”, que tornou isto tudo possível, fez uma breve apresentação sobre o projeto e ressalvou que entre nós, Jovens Repórteres para o Ambiente, existe o espírito de descrever coisas eternas, como um verdadeiro geógrafo faria. Para mais tarde recordar, foram oferecidos símbolos da região, entre os quais se inclui o tradicional e premiado azeite de Ródão.
Tudo isto decorreu na Casa de Artes e Cultura do Tejo, onde, nos seus jardins, se podem encontrar os troncos fossilizados, que não deixaram de ser um entusiástico foco de atenção. Após um esmagador passeio de barco no rio que nos permitiu passar entre as Portas de Ródão e para dar a conhecer a atividade humana de maior relevo de Vila Velha de Ródão, foi organizada uma sessão no Lagar de Varas onde se falou de História e do processo de produção manual do azeite, que é uma pérola da nossa vila.
Utilizando o autocarro como meio de transporte, iniciámos a nossa viagem ao Castelo do Rei Wamba. Nesta deslocação, os seis alunos envolvidos no projeto revelaram diversos aspetos da sua identidade cultural recolhidos, principalmente, junto de mães e avós que, em relatos emocionados, revisitaram histórias e lendas que remontam aos mais inóspitos lugares da nossa tradição.
Há sempre espaço para uma vertente divertida, e por isso mesmo, misturando gargalhadas e aplausos, recriámos as rivalidades entre Cortelhões e Plingacheiros e entre os do Porto do Tejo e os de Vila Velha de Ródão, explicámos a origem da devoção a Nossa Senhora da Alagada e revelámos a promessa que conduziu à construção da ermida da Nossa Senhora do Castelo.
Quase sem darmos conta, chegámos ao nosso destino e, depois de um revigorante almoço-piquenique, os participantes foram convidados a conhecer as componentes geográfica, histórica, estética e cultural da paisagem que se vislumbra na Serra das Talhadas. Aqui, mal nós sabíamos que os nossos próprios conhecimentos seriam postos à prova. Usando termos que nos eram bastante desconhecidos, o professor Jorge Gouveia, esclareceu-nos sobre a História que se esconde por detrás da Geografia da nossa localidade. Corroborando a opinião de muita gente, em que, sob certos aspetos, a Geografia determina a História, a professora Manuela Cardoso ofereceu a complementaridade que nos ajudou a perceber o porquê de certos acontecimentos históricos terem ocorrido no lugar preciso em que ocorreram. Assim, aos terraços fluviais e ao encaixe progressivo do Tejo na dura crista quartzítica que deu origem às Portas de Ródão, uniu-se a arte rupestre, a exploração do ouro pelos romanos, os transumantes e as histórias e lendas que alimentam a memória e a tradição oral das nossas gentes. Envolvendo mais uma vez a cultura, dois colegas nossos declamaram, com excelência, a tão conhecida lenda do Rei Wamba e a maldição que a rainha profetizou sobre aqueles que atentaram sobre ela.
Como não deve haver trabalho sem diversão e porque a curiosidade é um elemento que nunca abandona um repórter, inquirimos várias pessoas sobre a opinião que tinham acerca dos acontecimentos do dia. Não pudemos evitar a onda de satisfação que tomou conta de nós ao constatar que as opiniões eram sempre favoráveis e que salientavam o contributo desta visita, tanto para o seu enriquecimento pessoal, como para o do próprio projeto.
O trabalho de um repórter nunca é fácil. Porém, a paixão que nos move torna as dificuldades em algo que adoramos ultrapassar. É nosso objetivo sensibilizar miúdos e graúdos, porque quando o património desaparecer, nada haverá para contar sobre a história que a humanidade escreve e reescreve todos os dias.

Bianca Almeida (repórter principal) e Jovens Repórteres para a Ambiente de Vila Velha de Ródão