Sintra sem beatas

No âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, que se celebra de 16 a 22 de setembro, o Movimento Claro Sintra juntamente com a autarquia, o SMAS e o apoio da ABAE realizaram uma atividade de sensibilização no dia 22, das 10h às 13h, no Largo do Vasco da Gama, na Portela de Sintra.

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Esta ação que consistiu em desafiar a população a contabilizar as beatas que se encontram espalhadas pelos recintos e a colocá-las em garrafas fornecidas pela organização, que depois foram trocadas por brindes. Desta forma, pretendeu-se o aumento da consciência do público para a problemática da poluição por beatas de cigarro, resultante da negligência com que os fumadores se desfazem deste resíduo. Mesmo com poucos participantes, procurei dar contributo e aproveitei a ocasião para entrevistar alguns membros da organização ali presentes.

Em entrevista a um membro do Movimento Claro Sintra, este referiu que “as beatas são lixo, não são recicláveis, nunca se degradam na totalidade (podendo, no máximo, demorar 15 anos a decompor) e tendem a tornar-se um enorme problema ambiental, visto que, só em Portugal, a cada minuto, 7000 beatas vão parar ao chão e tudo o que aí vai parar, acaba no mar. Neste momento, calcula-se que os oceanos já estejam poluídos com mais de 4,5 triliões de beatas, sendo que apenas uma poderia contaminar 50 litros de água”. Contou ainda que a ação realizada “correu muito bem” pois tiveram uma boa resposta dos voluntários (cerca de 20), apanhando uma média de 5000 beatas em menos de três horas. “As pessoas que passaram não ficaram indiferentes e fizeram muitas perguntas. A nossa missão também passa por informar, e a mensagem foi passada”, acrescenta Cláudia Santos, um dos membros do movimento.

E este é um problema que nos afeta diretamente, pois, confundidas com alimento por muitos animais marinhos, as beatas acabam por ser ingeridas e levam à morte de muitos, o que reduz a nossa quantidade de alimento disponível, ou porque se decompõem em microplásticos e, sendo  consumidas pelos peixes, acabam por entrar na nossa cadeia alimentar. Já para não falar de, por curiosidade, poderem ser ingeridas por muitas crianças, tendo na sua constituição mais de 4000 substâncias tóxicas.

Catarina Pardal, outro membro do referido movimento, explica ainda em que consiste a sua iniciativa: “O Movimento Claro Sintra tem como missão a consciencialização da população do concelho de Sintra para o dano que o uso do plástico descartável pode causar no ambiente. Procuramos, para tal, banir o uso de palhinhas de plástico e reduzir o uso de outros materiais descartáveis (garrafas e copos de plástico, palhetas para café, entre outros) nos estabelecimentos comerciais e turísticos do concelho, como meio de alerta para o problema. Se o Movimento Claro conseguir que, no espaço de um ano, 100 estabelecimentos comerciais mudem as suas práticas, milhares de pessoas serão alertadas para esta questão grave e, em particular, milhares de palhinhas não acabarão nos oceanos.” Para além disso, este movimento está a desenvolver programas de educação ambiental pois, segundo as responsáveis, “são vocês, os jovens, que vão mudar o mundo!”.

Mariana Pardal Alegre