RSU, Maia e Porto – boas ou más políticas ambientais?

Com o objetivo de comparar a forma como os RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) são recolhidos na Maia e no Porto e a satisfação da população em relação a esse processo, elaboramos um inquérito online, recolhemos e analisamos as respostas de maiatos e portuenses.

Atualmente há uma preocupação crescente pela questão ambiental, refletida nas políticas adotadas pelo Governo. A crescente industrialização e modernização da economia provocou grandes alterações, com reflexo na densidade populacional junto dos centros urbanos e na alteração das condições de vida. Isto levou a um excessivo consumo de bens e serviços e a um aumento da produção de resíduos, na forma de fluxos de materiais ou energia. Neste contexto, os RSU assumem um papel de relevo. [1]

Tendo consciência disto, realizamos um trabalho sobre este tema. Os resultados do inquérito elaborado pelo grupo de trabalho e aplicado a maiatos e a portuenses encontram-se na tabela 1.

Tabela I

Questões presentes no inquérito

Concelho

Maia

(%)

Porto

(%)

Está satisfeito relativamente à recolha de RSU?

76,7

28,4

Existem ecopontos suficientes?

68,3

37,3

A recolha de RSU é frequente?

80

46,3

Deposita RSU em ecocentros?

56,7

26,9

Faz a separação de RSU?

71,7

46,3

A recolha de RSU é feita a preservar o ambiente?

61,7

34,3

Existe falta de civismo da população em relação à proteção ambiental?

95

71,6

Resultados obtidos através da aplicação de um inquérito online, aleatoriamente, a cidadão de várias idades, que vivem nos concelhos da Maia e do Porto. Amostra da Maia =60; Amostra do Porto=67

Através da análise dos resultados verificasse que, de um modo geral, a população da Maia está bastante satisfeita com as medidas implementadas pelo seu município (76,7%, considera que a recolha é adequada, 68,3%, considera que existem ecopontos suficientes e 80% entende que a recolha é frequente).  Está sensibilizada para este problema, pois 56,7 % diz utilizar ecocentros e 71,7 faz separação de RSU. Contudo, não está muito convencida acerca dos objetivos de proteção ambiental relacionados com a forma como é feita a recolha (apenas 61,7% é que os admite) e com o civismo da população (95% afirma que existe falta de civismo).

A população do Porto está um pouco insatisfeita com a atuação da Câmara Municipal do Porto em relação a recolha de RSU (só 28,4% estão satisfeitos com a recolha de RSU, apenas 37,3% considera que existem ecopontos suficientes e 46,3% entende que a recolha é frequente). Esta população está pouco sensibilizada para o problema (somente 26,9 utiliza os ecocentros e 46,3% separa os RSU). Está bastante cética em relação às políticas ambientais do município e ao civismo da população (34,3 % não acredita que a recolha é feita para preservar o ambiente e 71,6% confirma que existe falta de civismo).

Estes dados parecem estar de acordo com as políticas aplicadas por cada município.

De acordo com o site da Câmara Municipal da Maia, esta sempre teve preocupação ambiental e, nesse sentido, em 2001 criou a empresa pública municipal Maiambiente EM. Esta empresa tem como objetivo a remoção de RSU, a recolha seletiva de materiais recicláveis e a manutenção da higiene e limpeza de locais públicos. No concelho da Maia existem 5 ecocentros, 267 ecopontos e papeleiras destinadas à recolha de pequenos RSU. Os prédios têm “casas” próprias para colocação de lixo, as moradias têm contentores identificados para separação de RSU e há calendários de recolha anual de RSU.

A Maiambiente EM distingue-se de outras entidades por ter apostado e investido há muito tempo na recolha seletiva porta a porta. O “Ecoponto em Casa” – Recolha Seletiva Porta a Porta de Resíduos Urbanos – é um projeto pioneiro e inovador, não só pela sua dimensão, mas também porque tem associada a instalação de um sistema eletrónico de recolha automática de dados que permite monitorizar, otimizar circuitos e avaliar a aplicação, no futuro, de um sistema de poluidor-pagador associado à produção de resíduos, afirma-se no site www.noticiasmaia.com.

Em termos de política ambiental, a Maia juntamente com a Lipor, empresa intermunicipal que trata dos resíduos urbanos de concelhos do Grande Porto, têm vários projetos a desenvolver, tais como: RESICL – Recolha Seletiva em Indústria e Comércios Locais; Emlinha (comércio, recolha de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos/objetos volumosos, jardins); Terra a Terra, Projeto de Compostagem Caseira; R+: Equipamentos Amigos das pessoas no Município da Maia; Recolha Seletiva de Roupa/Calçado e Recolha de Óleo Alimentares Usados (OAU), tal como é referido no site da empresa Maiambiente EM.

De acordo com informações recolhidas no site da Câmara Municipal do Porto, no concelho a recolha e transporte de resíduos urbanos é feita por empresas privadas, Suma, Ecorritel e Recolte enquanto que a sua reciclagem é efetuada pela Lipor. No Porto existem 2 ecocentros, 974 ecopontos e 5700 contentores e papeleiras, destinadas à recolha de pequenos RSU.  No que diz respeito à política ambiental, este município tem vindo a participar em vários projetos, tais como: INTHERWASTE, que tem como objetivo promover a gestão eficiente e sustentável dos resíduos urbanos em cidades europeias com zonas históricas e Ecofone, serviço gratuito de recolha de resíduos recicláveis (papel/cartão, vidro, embalagens de plástico e metal), ao domicílio com especial importância nos sectores do comércio, serviços e restauração.

Pela análise dos dados recolhidos, verifica-se o concelho da Maia está mais bem equipado, organizado e tem mais cuidados na separação de RSU. Não há dúvida que estes dois concelhos estão a trabalhar para a qualidade do ambiente, bem como para a satisfação dos cidadãos. Na nossa opinião, ambos devem continuar a apostar na divulgação de informação à população, aplicando taxas municipais mais elevadas para os poluidores e continuar a aplicar novos métodos de tratamento dos RSU, tendo em conta o desenvolvimento sustentável.

Referências:

[1] https://www.fep.up.pt/disciplinas/LEC514/trabalhos/O%20Tratamento%20dos%20RSU.pdf

Inês Gaspar; Joana Gaspar; Miguel Pinheiro; Pedro Lopes e Luís Araújo da turma 10ºE