Rock in Rio Lisboa, que novas medidas de sustentabilidade?

Em 2004, o Rock in Rio chegou a Lisboa e com ele chegaram novas medidas relativas à sustentabilidade, ao ambiente e à biodiversidade. Desde 2006 que o RiR Lisboa garante a reciclagem e a valorização do lixo produzido, numa perspetiva de dar o exemplo de eficiência ambiental, como forma de valorização dos comportamentos sustentáveis.

Em 2020, o Rock in Rio Lisboa assinou um compromisso verde ao abrigo do projeto Lisboa Capital Verde Europeia 2020, aliando-se no cumprimento das metas ambientais nacionais e europeias, da neutralidade em carbono até 2030.

Apesar de todos os esforços no sentido do cumprimento das metas estabelecidas pelo RiR Lisboa para a reciclagem total de todos os resíduos do evento, Roberta Medina, Vice-Presidente do festival de música, afirma que 50% dos resíduos produzidos vão para incineração. Esta situação não é a ideal, contudo, a organização do festival de música continua a trabalhar no sentido de inovar, apresentando outras medidas de sustentabilidade para a gestão de resíduos e promoção da circularidade. Uma dessas medidas é a reutilização dos tapetes de relva sintética. De acordo com a Roberta Medina, toda a relva artificial presente no recinto, no Parque da Bela Vista, em Chelas, é, no fim do evento, lavada e embrulhada para que possa ser usada noutros eventos do mesmo tipo, promovendo a circularidade dos recursos disponíveis. Outra das preocupações da organização é o reforço do número e distribuição de ecopontos, sobretudo para deposição de resíduos indiferenciados e embalagens. “Queremos diminuir cada vez mais os contentores indiferenciados e promover a utilização dos contentores orgânicos”, refere Eveline Flor da Costa, assistente de sustentabilidade do RiR Lisboa.

Estão distribuídos pelo recinto do Rock in Rio Lisboa 2022 centenas de ecopontos

Outra das novidades desta edição foi a instalação de vários pontos de água para que os festivaleiros possam abastecer as suas garrafas, promovendo o uso único destas e eliminando o uso injustificado de plásticos. Nesta edição são espalhados por todo o recinto 25 bebedouros. À semelhança das duas edições anteriores do festival, “os copos de anos anteriores podem ser utilizados nesta edição”, refere Roberta.

Para Roberta Medina, a tecnologia tem auxiliado muito no processo de sustentabilidade do evento. Esta diz que “tem sido uma grande evolução. (…) Antes nós tínhamos mais de 50 unidades de grupos de geradores. Hoje temos cinco. A tecnologia evoluiu muito. É preciso haver conexão entre os vários promotores, entre os vários players na indústria do entretenimento da música. Hoje vamos poder consumir menos 125 litros de gasóleo por hora.” O evento promove assim a redução do uso de combustíveis fósseis, em benefício da utilização de energias renováveis.

A nível da mobilidade, segundo Roberta Medina, “para compensar as emissões, fizemos um inventário da pegada carbónica do evento de forma a entender os impactos e começar a trabalhar nos mesmos. O transporte público até aqui, significa 50% das emissões do festival”.  

Bebedouros disponíveis no recinto 

Este ano, o uso dos transportes públicos foi reforçado,aumentando a oferta fora do recinto e assim promovendo o uso dos transportes públicos a preços acessíveis, no âmbito do plano de mobilidade assinado com nove empresas de transportes públicos para que nenhuma entidade ficasse de fora.

A edição de 2022 do Rock in Rio Lisboa promete ser inesquecível, mas em termos de sustentabilidade, há um grande caminho a percorrer. No entanto, o evento está disposto a adotar cada vez mais medidas que promovam o uso das boas práticas, num futuro próximo e numa perspetiva de evoluir em todos campos. A adesão das pessoas é fundamental, porque a sustentabilidade do evento só é possível se todos colaborarem. A vice-presidente do evento afirma que “se o público não colaborar, por mais oferta que tenhamos, não vamos ter bons resultados” logo, os bons resultados só se podem alcançar se todos cooperarem. 

Ana Francisca Martins, Beatriz Costa, Débora Carvalho, João Pedro Costa, Rita Relvas