Rock in Marvila

Foi efetuada uma deslocação à freguesia de Marvila, a segunda maior freguesia do concelho de Lisboa, com o objetivo de entrevistar o atual Presidente da Junta, José António Videira, que se encontra no cargo há 8 meses, sobre os desafios de sustentabilidade enfrentados pela freguesia e qual o impacto do Rock in Rio na população local.

Bairro da Flamenga – Marvila

A principal aposta da Junta é a sensibilização dos habitantes para a limpeza e saúde urbana, sobretudo através dos jovens residentes na freguesia. Segundo José António Videira, “são os jovens que têm o dever de educar os mais velhos nesta situação”. Isto é realizado através de um conjunto de práticas que são adotadas no ensino básico de forma a consciencializar os mais jovens para a saúde urbana e práticas de limpeza. Apesar da relação de proximidade existente entre a Junta e as escolas, José António Videira refere que a Junta não possui informação estatística sobre a taxa de reciclagem da freguesia nem dados concretos sobre as medidas atualmente implementadas em cada escola, em termos de sustentabilidade ambiental.

Além disto, a Junta dispõe de apoio logístico e financeiro a projetos e organizações, adotando um papel facilitador, com o objetivo de desenvolver uma rede de conexões entre as organizações, projetos e possíveis parcerias. Existe ainda um programa de requalificação dos espaços verdes da freguesia em termos de acessibilidade e eventos culturais.

Em relação ao impacto do RiR ao longo do território em que se encontra,  José António Videira, referiu que o papel do festival é “muito positivo na freguesia”. Contudo, referiu também a importância de dar resposta ao desafio levantado pelo o evento, que se prende com a divulgação da “marca Marvila” em contraponto com a associação vulgar e diretamente feita apenas e só à Bela Vista.

Isto levanta vários problemas relacionadas com a centralidade de Marvila que, apesar de ser a segunda maior freguesia de Lisboa, só duas das suas áreas são particularmente abrangidas por visitantes de fora da localidade: a zona da Bela Vista, onde estão localizados a maior parte dos transportes públicos e a zona mais próxima do Rio Tejo, onde se estão a instalar comunidades artísticas e culturais, desenvolvendo a indústria criativa. Isto leva a que uma grande parte da freguesia passe desconhecida para os visitantes de fora, e acabando por “não divulgar a marca”, explica o presidente.

A presença de um festival da dimensão do RiR confere um elevado grau de potencialidade e possibilidade ao local, através dos apoios de patrocinadores de renome mundial e da atração de um grande número de visitantes.

Face aos possíveis desafios e barreiras que pudessem existir entre o festival e os moradores da zona circundante do Parque Bela Vista, foi referido que a organização do Rock in Rio tentou estabelecer um diálogo aberto e cauteloso, implementando medidas como a oferta de bilhetes para o festival aos moradores e trabalhadores, capacitando a população local para a assistência ou trabalho na organização do festival com pequenas tarefas, sejam elas remuneradas ou não, o que confere um incremento em termos de economia local de acordo com José António Videira.

Além disso, foi mencionado que o festival em conjunto com a junta facilita acessos ao evento, através da minimização do impacto da gestão de horários, tanto na entrada como saída do recinto. A Junta também responde a pedidos da organização da melhor forma possível para os seus meios caso ela assim os faça, e José António Videira referiu ainda que, apesar da grandeza do festival, no seu final não existem quaisquer danos efetuados nos espaços que utiliza.

Concluímos assim que o impacto do RiR na comunidade é no geral positivo, traz vários benefícios à comunidade e tanto a junta como a organização do RiR trabalham continuamente para a melhoria da gestão a todos níveis, desde o ruído até aos resíduos.

Grupo 7

Cristiana Tavares Costa, Raquel Pedro, Miguel Rocha , Rodrigo Domingues