Pelos subterrâneos de uma Braga esquecida

As Sete Fontes de Braga, um monumento centenário junto à cidade de Braga, despertam o encanto de quem a visita. Localizado na freguesia de Gualtar e São Victor, este magnífico local abastece a cidade com água cristalina e presenteia os olhos com paisagens deslumbrantes ao longo do percurso. Quem já teve o privilégio de explorar este espaço não se arrepende e anseia por compartilhar esta experiência única com novos visitantes.

Os exploradores urbanos que se aventuram pelas Sete Fontes de Braga podem ter a oportunidade de desvendar um mundo subterrâneo fascinante, percorrendo as minas escondidas que se abrem através das portas de uma das mães-de-água das sete fontes. Percorrendo os corredores escuros e estreitos, exploram as entranhas desta maravilha subterrânea. À medida que avançam, são surpreendidos pela engenhosidade dos antigos sistemas de canalização, que abasteceram a cidade ao longo dos séculos. A suave luz difusa que permeia as galerias revela formações rochosas impressionantes, criando um cenário quase mágico. O som ecoante da água corrente, como um sussurro distante, acompanha cada passo de quem explora este mundo. Percorrer as minas escondidas nas Sete Fontes é uma experiência inesquecível, uma jornada pela história subterrânea de Braga que continua a despertar a imaginação e a encantar os visitantes que por lá passam. 

A AJG (Associação de Jovens de Gualtar) e o presidente da Junta de S. Victor de Braga, Ricardo Pereira, foram a organização e alma desta atividade Fotografia: Mariana Martin

Maria da Conceição, uma visitante aventureira de 64 anos, não resistiu aos encantos desta relíquia em plena cidade, afirma que “não se arrepende” e que quer levar novos visitantes ao local, enaltece que “os caminhos subterrâneos a parte mais interessante, pois já estava interessada neles há bastante tempo”. 

As Setes Fontes de Braga continuam, apesar de ter ficado ao abandono durante muitos anos, a encantar visitantes, 

As Sete Fontes de Braga, construídas no século XVIII pelo D. José de Bragança, na época Arcebispo de Braga, permanecem como um tesouro pouco conhecido na cidade. Em 2011, este magnífico monumento foi classificado como Monumento Nacional, reconhecendo o seu valor histórico e cultural.

Com um total de 14 minas, sendo 6 delas mãe-de-água, atualmente 13 estão em funcionamento, garantindo um recurso vital para Braga. As “mãe-de-água” são minas principais que fornecem água para as fontes. Elas atuam como fontes principais de onde a água é captada e distribuída para as demais fontes do conjunto.

Essas minas-mãe, ou mãe-de-água, são responsáveis por alimentar as várias fontes que compõem o conjunto das Sete Fontes. São pontos de captação estrategicamente localizados, onde a água é recolhida de nascentes ou cursos subterrâneos, e em seguida, conduzida por canais e aquedutos até as outras fontes menores.

A gestão e exploração das fontes são responsabilidade da AGERE, uma empresa especializada em serviços de recolha e ambiente urbano, bem como na exploração de água e tratamento de águas residuais.

Apesar de ser um monumento menos conhecido, as Sete Fontes representam um exemplo notável de engenharia hidráulica e são um testemunho da importância do abastecimento de água ao longo dos séculos. Além de desempenhar um papel essencial na vida diária da cidade, essas fontes históricas são uma verdadeira preciosidade para Braga.

A conservação e preservação das Sete Fontes são fundamentais para garantir a sua longevidade como um Monumento Nacional e para manter a sua função de abastecimento de água à cidade. Além disso, a visita a este local permite aos visitantes mergulhar na história e apreciar a beleza arquitetónica e natural que as fontes oferecem.

É importante valorizar e divulgar o património histórico-cultural de Braga, como as Sete Fontes, para que tanto os habitantes locais quanto os visitantes possam conhecer e desfrutar desses tesouros escondidos. A preservação desse monumento histórico contribui para a riqueza cultural da cidade e fortalece a identidade de Braga como um destino turístico rico em história e tradição.

Caminhando pelo sistema de canalização que levam às mães-de-água
Fotografia: Mariana Martin

Este local é aberto ao público e muito utilizado pelos amantes de corridas e caminhada. Para a segurança do local, as mães-de-água e as minas só são expostas ao público acompanhadas por algum funcionário da empresa gerente (AGERE). Apesar disso, há  associações e iniciativas que fazem o trajeto e mostram aos bracarenses este monumento, como no caso da AJGualtar, associação juvenil de Gualtar. Esta associação tem como objetivo chamar novos visitantes ao local e fazer desta área ponto de convívio entre a comunidade de Gualtar.

Mariana da Silva Martin