Pelo Jardim Zoológico de tijolo a tijolo

Ao longo dos seus 135 anos de existência o Jardim Zoológico de Lisboa tem sofrido constantes alterações na sua arquitetura, em especial na organização dos espaços e das instalações. Estas mudanças acompanharam a evolução da mentalidade e dos valores da sociedade em relação à preservação da biodiversidade. “O pai destas ideias” foi Leonel Carvalho, arquiteto e diretor do serviço de manutenção do Jardim Zoológico, onde trabalha há 25 anos.

“Quando surgiu a oportunidade de fazer um projeto para o Jardim, eu achei que não iria ter seguimento” confessou Leonel Carvalho em entrevista. Contudo, acabou por se dedicar a tempo inteiro a este trabalho, tornando-se, nas suas palavras, “o projeto de uma vida”. O arquiteto abraçou este desafio numa fase de modernização e de reinvenção do espaço, uma vez que cada vez mais havia consciência da necessidade da promoção do bem-estar e do respeito pelos animais, algo que não era valorizado nos primórdios do Jardim Zoológico. Antigamente, o principal objetivo passava pela exposição dos animais e era sobretudo valorizado o visual, como o aspeto dos edifícios, em detrimento do próprio animal que aí se encontrava. Desde sempre o ser humano se mostrou arrogante, com tendência para se considerar superior em relação aos restantes seres vivos e Leonel Carvalho sempre se opôs a esta forma de pensar. “As pessoas vinham visitar o Jardim para ver a obra do Arquiteto, hoje em dia não é a obra do Arquiteto que tem de sobressair, mas sim o espaço, o mais natural possível, em que o animal se encontra. E aí, o Arquiteto passa a ser um planeador urbano”, explica Leonel Carvalho. Este é um dos aspetos éticos que está presente nas suas obras, que procuram garantir o bem-estar do animal, sem esquecer a memória e o passado do próprio Jardim, preservando certos edifícios e estruturas arquitetonicamente importantes, que identificam o Jardim Zoológico de Lisboa.

Márcia Capinha, Inês Galvão , António Coito , Isabel Vidigal , Duarte Abreu