Paredes, cidade a descobrir

Com uma localização privilegiada no Vale do Sousa onde o passado e o presente se harmonizam, as gentes de Paredes marcam espaços e paisagens valiosos com um património que importa descobrir.

Segundo Fernanda Pereira, técnica de turismo da Câmara Municipal de Paredes, a cidade desenvolve-se hoje com preocupações de sustentabilidade. É exemplo disso, o aparecimento do Parque da Cidade, onde equipamentos para a prática desportiva e espaços infantis, são um local de convívio e de contacto privilegiado com a natureza. A preocupação com a biodiversidade, designadamente com a preservação da fauna e flora não é esquecida.

Esta ideia de sustentabilidade nem sempre foi uma prioridade do poder local. Quem percorre as ruas centrais da cidade, pode observar casas antigas, com jardins envolventes, degradadas. Ao mesmo tempo a cidade cresce para a periferia desligada desta riqueza arquitetónica como que esquecendo esta memória identitária. A ausência de um centro histórico tradicional, bem definido, resulta de um povoamento de forma linear, ao longo da estrada nacional número 15. A cidade cresceu como espaço de paragem e apoio a quem se deslocava do interior para o litoral e vice-versa.

Sendo a cidade de Paredes muito rica em palacetes dos finais do século XIX, ainda hoje se destacam pela sua sumptuosidade. Estes foram mandados construir pelos designados “brasileiros de torna-viagem”, portugueses que atravessaram o Atlântico para o Brasil e que tiveram uma intervenção como beneméritos. Estes foram geradores de progresso e trouxeram um espírito burguês empreendedor e filantrópico. Esta qualidade é visível ao nível da construção de escolas, património religioso, construção de infraestruturas como a linha do Douro e hospitais, conforto das casas (aquecimento e rede de água) e ensino artístico. Já nesta altura estes homens se destacaram na melhoria da qualidade de vida, da salubridade e conforto das habitações.

Como marcos deste património, salienta-se o “Palacete da Granja”, antiga Escola Secundária de Paredes, hoje Casa da Cultura; “Escola Primária Conde Ferreira”, atual biblioteca municipal; antigos “Paços do Concelho”, hoje Conservatório de Música; Praça José Guilherme e a linha do Douro.

O paradigma está a mudar, a modernidade da cidade é hoje tema de debate e de promoção de exposições, com a preocupação em preservar a cultura e a memória. Exemplo disso é a exposição temporária “Desfragmento” patente na Loja Interativa de Turismo, onde os “cacos” de azulejos, louças e outros, encontrados em espaços da família do autor, são reaproveitados para uma intervenção artística digna de visita.

Ana Paula Coelho, Clarisse Sequeira, Guilherme Antunes, Hugo Barbosa, Ilda Moreira, Maria da Conceição Marques, Maria José Monteiro, Maximina Miranda