Ostra de Aveiro, negócio local

Em 1740 foi introduzida na Ria de Aveiro a ostra japonesa que, mais tarde, passou a ser criada em viveiros, devido às baixas temperaturas da ria, adequadas ao desenvolvimento da espécie. Os viveiros de ostras tornaram-se um negócio local, tal como a criação de amêijoas, navalhas, mexilhão e berbigão.

A Ria de Aveiro, mais precisamente o canal de Mira, que atravessa o município de Ílhavo, tem temperaturas com poucas oscilações sendo a temperatura mais alta de 8ºC. Nesta ria, a maré baixa é às 6h e às 18h, período em que os viveiristas recolhem os bivalves.

Pedro Pereira, viveirista, que se dedica todo o ano à captura de bivalves e, especialmente à ostra, explicou que tem um trabalho “bruto”, não só pela mão-de-obra, como também pelo facto de “a natureza mandar em nós”. O produtor de ostras explicou o processo demorado, pois o desenvolvimento das ostras demora 14 meses: os viveiristas compram cerca de 1 a 2 milhões “ostras de maternidade” (14mm), que são distribuídas ao longo do tempo de desenvolvimento por sacos com diferentes malhas, que vão aumentando consoante o crescimento da

Figura 1 – Pedro Pereira, viveirista da zona de Ílhavo

espécie. Pedro Pereira procurou desmitificar a questão de utilização de produtos químicos afirmando que no seu trabalho o produto é natural e não utiliza qualquer tipo de produtos artificiais; completou com o facto de que neste ambiente se encontram as condições ideais para a criação das ostras, não só pela temperatura, mas também pela abundância de plâncton, uma alga fundamental na alimentação da espécie filtradora.

A Normandia fornece as ostras de maternidade para se desenvolverem na zona B da Ria, ou seja, a zona que ainda requer depuração (extração das partículas tóxicas), um dos processos que Pedro Pereira exerce. O viveirista admite que 90 a 95% da sua criação é exportada, sendo o principal país con

sumidor a França e, em menor quantidade, Bélgica, Espanha e Holanda. O transporte é normalmente feito por via rodoviária onde as ostras se encontram dentro de tinas de água controlada.

O viveirista dá relevo à parceria que desenvolve com as universidades de Aveiro e de Coimbra, com disponibilização de ostras para investigação, que comprovam que estas são uma fonte de nutrientes, en

tre eles o Ferro, o Magnésio e o Ómega 3. O controlo das águas é feito diariamente, não só por parte das universidades com também, pelo organismo IPIMAR, Instituto Português da Investigação do Mar.

Figura 2 – Ostra

Embora não sejam utilizados “pesticidas como antigamente” Pedro Pereira salienta, não existir certificação de produto biológico, apesar da marca informal “Ostra de Aveiro” ser reconhecida. Mesmo sendo um negócio local, com um possível interesse turístico e gastronómico, a população apresenta descontentamento devido ao aspeto dos locais dos viveiros opondo-se à existência destes. Por outro lado, os viveiristas, tendo em conta a opinião da população, afirmam que esta não se encontra devidamente informada e que a sua atividade não tem condições favoráveis, nomeadamente a falta de infraestruturas e a ausência de apoios governamentais, impossibilitando a melhoria dos processos ainda artesanais.

Grupo A2

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