Os Golfinhos do Sado

No passado dia 11 de Março, realizámos uma visita de estudo ao estuário do Sado. Esta visita resultou do nosso interesse em conhecer melhor a biodiversidade existente na nossa região. Sentimo-nos uns grandes privilegiados por saber que no nosso distrito, Setúbal, seria possível encontrarmos golfinhos e que, com sorte, conseguiríamos observá-los de perto! De facto, assim foi. Nessa manhã chuvosa, embarcámos em Setúbal num veleiro catamaran com esperança de conseguir observar no seu ambiente natural, em estado selvagem, os golfinhos do Sado. Estes golfinhos são os chamados roazes e têm como nome científico Tursiops truncatus.

Ficámos a saber que este estuário é o único do País em que se podem observar golfinhos, o que constitui também uma raridade a nível europeu – só há mais outros dois estuários onde tal é possível – um na Irlanda, outro na Escócia. No Sado, a comunidade residente de golfinhos é constituída atualmente por 27 elementos que aí vivem durante todo o ano. Em determinadas épocas do ano, podem sair do estuário para o mar, o que pode tornar mais difícil a sua observação. Não foi o que aconteceu no dia da nossa visita. Encontrámos vários golfinhos no estuário, cerca de uma dúzia, de entre as quais algumas crias. Este “encontro”, repleto de magia, aconteceu sensivelmente a meio do rio, o que é possível pelo facto de encontrarem aqui uma fonte importante de alimento e também por estarem mais abrigados. Foi comovente ver os golfinhos aproximarem-se da nossa embarcação e, como se fossemos já amigos de longa data, “escoltaram-nos”, permitindo-nos observá-los mais de perto. Constatámos com muito agrado que vivem todos em total liberdade e que não estão marcados. De facto, a Esperança, o Moisés, o Cocas, o Raiz… enfim, cada golfinho é identificado fundamentalmente pelas características da sua barbatana dorsal, é essa a sua “impressão digital”, que o distingue de todos os outros.

Pela beleza dos momentos que vivemos nesta “expedição aquática” e pelo fascínio que estes golfinhos exerceram sobre nós, sentimo-nos também comprometidos a contribuir para a sua protecção assim como para a preservação do seu ambiente natural. Sabemos que são muitas as ameaças que os golfinhos do sado correm, nomeadamente pela poluição do rio sado causada quer por descargas orgânicas quer químicas. Esperamos que esta reportagem sensibilize a nossa comunidade escolar para o conhecimento destes cetáceos, “coroa” da biodiversidade da nossa região, e para a importância crucial de preservar ao máximo o ambiente natural em que vivem. Gostámos bastante de os ver e queremos ter a esperança de que isso continuará a ser possível nos próximos anos.