O essencial e o acessório

  Ao segundo dia do mês de abril, o deputado à Assembleia da República Hugo dos Santos Costa, eleito pelo círculo eleitoral de Santarém do PS, esteve no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, na vila ribatejana de Coruche. Um pouco à margem do trabalho desenvolvido nesta instituição e usando da sua experiência quer como coordenador da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade, quer noutras comissões parlamentares e grupos de trabalho, o deputado procurou responder de forma informal às questões que lhe foram sendo colocadas acerca de políticas integradas na área das energias renováveis.

Prioridades das políticas energéticas nacionais

Hugo dos Santos Costa, deputado na Assembleia da República, eleito pelo círculo eleitoral de Santarém do PS, esteve no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, na vila ribatejana de Coruche, onde, usando a sua experiência quer como coordenador da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade, quer noutras comissões parlamentares e grupos de trabalho, procurou responder a questões relacionadas com as políticas integradas na área das energias renováveis.

Deputado Hugo Costa Partido Socialista

Depois de ter afirmado, em momentos anteriores, que a atual legislação nestas matérias está cada vez “mais transparente e com menos custos”,  Hugo Costa reafirmou a importância de todo o planeamento que foi feito nas últimas décadas para hoje podermos figurar num impressionante terceiro lugar, na lista dos países que mais produzem energias provenientes de fontes renováveis e em que essa produção representa 50-54% das necessidades energéticas nacionais.

Quando questionado sobre a relação díspar entre o benefício energético e os impactos nos ecossistemas fluviais provocados pelas barragens, recordou que para a construção destas infraestruturas não é apenas considerado aproveitamento energético efetivo, mas também outros fatores como a captação de água para consumo público, o aproveitamento das suas albufeiras para rega agrícola, entre muitas outras aplicações que, quando avaliadas por estudos de impacto ambiental, justificam a construção.

O deputado rematou esta questão apontando as centrais fotovoltaicas como uma aposta para o futuro, enquanto principais contribuidoras para que se alcancem as metas europeias, em prejuízo de outras tecnologias já muito exploradas e disseminadas, como as captações eólicas e hidráulicas. Este cenário é particularmente relevante em Portugal, por ser o país com maior exposição solar na Europa.

Existem muitas ilações a tirar de intervenções de deputados, pela responsabilidade que têm na tentativa constante de diferenciar as reais necessidades do país daquilo que é lesivo para o Estado; no fundo, para todos nós. Na opinião de Hugo Costa, com todo o trabalho de investigação desenvolvido ao longo dos anos, que permitiu uma redução do preço dos módulos de painéis solares e da respetiva instalação, hoje torna-se dispensável o incentivo do Estado no formato das rendas aos produtores de eletricidade, porque, por si só, “a produção já é economicamente rentável”.

Contudo, as centrais fotovoltaicas não representam uma solução viável para produção sustentável de eletricidade, pois acarretam diversos prejuízos ambientais, entre os quais a perda de áreas agroflorestais e, consequentemente, de biodiversidade nos territórios afetados. A microgeração – produção em pequena escala para consumo próprio – resolve o problema enunciado anteriormente e poderia ser devidamente estimulado. Porém, Hugo Costa não entende este tipo de apoios como uma prioridade, preferindo o reforço do financiamento de projetos relacionados com a eficiência energética dos edifícios em Portugal.

Assim, ficaram expressas as convicções do deputado que, considerando um eventual apoio a projetos na área da eficiência energética, deixa de parte a concessão de apoios quer financeiros, quer logísticos à microgeração. Ignora-se, então, uma possível solução para danos ambientais causados pelas centrais fotovoltaicas, que continuam a surgir pelo país.

Eduardo Veiga, Inês Galvão, Ana Vale, Bernardo Moita