O desperdício na alimentação na cidade do Rock

Educar para promover uma maior consciência social e intervenção cívica no combate ao desperdício alimentar continua a ser uma preocupação do Rock in Rio Lisboa, que este ano criou um espaço dedicado à alimentação saudável e sustentável com convidados especiais. Justa Nobre, Miguel Castro e Silva, Noélia Jerónimo e Vítor Sobral são os responsáveis pelos menus servidos neste espaço, com pratos inspirados nos principais ecossistemas de Portugal: agricultura e pecuária, florestas, mar e rios.

Para além de música e entretenimento, o Chef ‘s Garden é o palco de conversas sobre a sustentabilidade na cozinha, desde a compra de produtos até à doação de alimentos e refeições no final de cada dia. Este processo começa com a escolha de fornecedores nacionais e locais que se preocupam com o ciclo de regeneração das espécies, evitando a compra de alimentos em excesso.

Incentivar o uso de produtos nacionais e a contratação de fornecedores locais, contribuindo não só para reduzir a pegada carbónica, mas também, para fomentar a economia local são algumas das preocupações do festival.

O novo espaço Chef’s Garden, que valoriza a alimentação portuguesa, procura promover a economia local e os produtos sazonais

Também o uso de produtos sazonais respeitando e acompanhando os calendários agrícolas são uma prioridade. “Tudo o que está aqui tem respeito ao ciclo de vida e à sazonalidade das espécies.” Nuno Nobre, coordenador dos Chefs Garden e consultor gastronómico. Além disso, e contribuindo para alcançar a meta estipulada até 2030 de se tornar um evento Zero Desperdício Alimentar, os chefs aproveitam ao máximo as matérias-primas, e para o momento de consumo adotam o conceito de “dose certa” para evitar desperdício de comida servida.

Mas, não são só os componentes orgânicos que são controlados para evitar excessos, os não orgânicos como guardanapos e outros utensílios descartáveis são também distribuídos com peso e medida. Esta medida é incentivada pela organização, contudo, cada marca implementa as suas próprias medidas. Como exemplo, a Telepizza tem como prioridade distribuir o mínimo indispensável de guardanapos e triângulos/cunhas. “Temos o cuidado de não entregar muitos guardanapos, nem muitos triângulos. Se o cliente quiser mais, nós entregamos, ou seja, não pretendemos causar o desperdício”, disse Vitor Caldeira, gerente do stand da Telepizza.

Para evitar o habitual desperdício das caixas que embalam as pizzas, a Telepizza lançou uma iniciativa que permite que as caixas de cartão de pizza sejam recicladas. Esta medida consiste na aplicação de um papel anti-gordura entre a pizza e a caixa evitando a transferência de gordura para o cartão, tornando-a legível para o processo de reciclagem. O desconhecimento do público relativamente ao modo de utilização deste papel, levou a que muitas embalagens de cartões ficassem contaminadas e acabassem por ser colocadas nos caixotes do lixo indiferenciado.

No final de cada dia do festival, a organização do Rock in Rio promove a doação de sobras alimentares. Algumas são distribuídas pelo staff dos restaurantes, outras enviadas para organizações não governamentais sem fins lucrativos. Já os resíduos alimentares não comestíveis, como as cascas de fruta são enviados para canis.

Com estas iniciativas, a organização do  Rock in Rio tem tentado evitar o desperdício alimentar, de forma a estar alinhado com o objetivo de promover “fome zero e agricultura sustentável” (ODS 2 da Agenda 2030). Este foi um trabalho que foi desenvolvido pela organização e empresas presentes no recinto. Contudo, também será necessária uma consciência ecológica coletiva dos seus visitantes para ter um impacto significativo.

Ana Correia, Francisca Ribeiro, Filipe Correia , Mariana Garanhão, Luís Martins