O Ano em que Portugal foi um “Inferno”

Em 2017, Portugal foi vítima de dezenas de incêndios. Focamos nos incêndios de Penedo, Oliveira do Hospital e Pedrógão Grande.

Penedo – Dinheiro é só nos panfletos

Na região de Tondela, mais especificamente Penedo, aconteceu um desastre, sendo que houve um total de 8 mortos e 36 feridos e não houve discrepâncias quanto a este número. Para além disso, ainda foram destruídas 5 casas de primeira habitação, 4 na totalidade 1 totalmente, e mais de 17 casas de segunda habitação (assim consideradas por serem propriedades de pessoas que vivem fora).

Quase todas reconstruídas, com a ajuda e com algum apoio do Governo, embora este último, segundo Miguel Lopes, voluntário, «em maior parte dos casos chegou mal e muito tarde». Miguel ainda mandou um email ao presidente Marcelo e este respondeu que não fazia parte das responsabilidades e que o ia reencaminhar ao primeiro-ministro, cuja reconstrução de casas fazia parte da sua função. Até à data de hoje não houve resposta de António Costa.

Quanto às candidaturas, houve alguma falta de eficiência e, segundo o voluntário, «muita burocracia imposta a pessoas de idade muito avançada», uma vez que lhes era dificultado o acesso, por serem feitas online. Assim, o voluntário diz «Imagine o que é pessoas que nunca na vida viram um computador, terem de fazer candidaturas online…». Para ajudar com isso, no trabalho de voluntariado feito, foram enviados ao local advogados e pessoas com ligações à internet.

Miguel Lopes também diz que «As entidades estatais, neste caso, a Câmara Municipal de Tondela, não prestavam grande apoio às pessoas. Na prática, muito do dinheiro que se falou que iria para as pessoas, não chegou, pois muitas delas não conseguiram candidatar-se».

Outro assunto, igualmente urgente, era a recuperação de telheiros de guarda de animais, que ficaram muito afetados. «As pessoas pediam mais ajuda para os seus animais do que para elas, pois […] os animais eram o seu ganha-pão.». Assim, um dos grupos de voluntários enviou 3 camiões TIR de rações para gado, uma vez que os pastos também tinham sido danificados pelo incêndio. Também foram oferecidos postes e rede para se fazerem as zonas onde estavam os animais, e construiu-se um hospital veterinário de campanha. Além disso, foram levados alunos de Veterinária do ICBAS para ajudarem as pessoas que, segundo o voluntário «tinham passado por aquele pesadelo dantesco».

 

Oliveira do Hospital – O concelho que ardeu na ignorância

No concelho de Oliveira do Hospital, em Coimbra, houve um infernal incêndio que destruiu quase todo o concelho. Contactamos Margarida Cid, que foi afetada pelo incêndio. Esta diz «A câmara só ajudou casas de primeira habitação. Quintas e casas de segunda habitação não ajudou». Ainda acrescentou que «Houve solidariedade nacional. Houve muita gente a dar bens de primeira necessidade e houve pessoas que e vieram ajudar. A nós arderam 10 hectares. No concelho, quase todo, cerca de 95%. Assim, contactamos com a câmara municipal de Oliveira do Hospital para obter mais informações com as seguintes perguntas «Existem mais bombeiros a trabalhar no verão do que nas outras estações? Quais são os tipos de árvores que plantam e permitem plantar? Como é que ajudaram a população afetada? Se houver outro incêndio estão preparados?» e até à data de hoje continuamos sem resposta.

 

Pedrógão Grande – Grande Incompetência

Decidimos explorar o incêndio mais falado, por isso comunicamos com um bombeiro voluntário , o engenheiro de proteção civil Jorge Eiras Pereira. Fizemos a pergunta: «existem mais bombeiros no verão do que nas outras estações?» ao que este respondeu «Sim, no verão há mais bombeiros nos quartéis devido aos bombeiros voluntários que começam a trabalhar de 13 de maio a 15 de outubro.», o que nos leva a concluir que em muitos dos incêndios não haviam tantos bombeiros quanto os que podiam haver, pois esses fogos  ocorreram depois de 15 de outubro ou antes de 13 de maio.

Também perguntámos se Portugal está preparado para outra desgraça como esta:«Não, estes incêndios decorreram sobre o efeito de condições meteorológicas e extremas e são impossíveis de combater a melhor forma de os combater é ordenar melhor o território»

Para que isto não volte a acontecer tem aqui algumas soluções.

 

Soluções individuais para prevenir os incêndios

  • Se alguma vez encontrar um incêndio que lhe pareça fora de controlo ou sem vigilância, contacte o 112 ou o departamento de bombeiros local.
  • Nunca deixe um fogo sem vigilância, apagando-o completamente, encharcando-o com água e mexendo bem as cinzas até arrefecerem.
  • Ao acampar, ter cuidado com as lanternas, os fogões e aquecedores.
  • Evitar derramar líquidos inflamáveis, tendo cuidado sempre que na presença destes.
  • Abastecer combustível longe de aparelhos electrónicos.
  • Não descarte  cigarros, fósforos ou outros materiais fumegantes de veículos em movimento.
  • Sensibilizar amigos e familiares.

 

Fontes: Público, Diário de Notícias e Expresso.

Francisco Ferreira, João Lopes, Mafalda Novais