Na Terra do Bacalhau

Com as portas abertas desde 1937, a Pascoal & Filhos dedica-se a uma das atividades económicas mais emblemáticas da região de Ílhavo: a pesca e transformação do pescado. Num país em que se consomem 55 mil toneladas de bacalhau por ano, a empresa tem oportunidades de mercado para continuar a crescer e, simultaneamente, procurar utilizar métodos mais sustentáveis ao longo de todo o processo de produção.

Durante todo o ano vemo-lo nos supermercados. É o peixe das mil e uma receitas: à Brás, à Gomes de Sá, ou à Zé do Pipo, todas as formas são válidas para o colocarem na mesa dos portugueses. Os números do consumo de pescado, e em especial de bacalhau comprovam-no: cada português consome, em média, 62 kg per capita de pescado anualmente, sendo que 50% corresponde a bacalhau. Pascoal & Filhos é uma das empresas nacionais que centra a sua atividade nesta área. Tendo mais de 80 anos de história, a empresa, localizada no município de Ílhavo, é uma das grandes entidades empregadoras da região ao fornecer emprego a 280 funcionários.

Do mar para o prato

A jornada do bacalhau começa quando este é pescado na zona do Atlântico Norte. Duas embarcações asseguram a pesca por arrasto da espécie, e é na fábrica que se efetua a demolha ou seca do pescado, e se dá todo o processo até que o produto final chegue ao consumidor. A esmagadora maioria da produção é comercializada em território nacional, mas também as exportações começam a ter um peso nas receitas: 20% do bacalhau é exportado para o chamado “mercado da saudade”, os países onde os emigrantes portugueses estão em larga maioria representados.

Figura 1 – Pascoal & Filhos tem três infraestruturas, nas quais estão centradas todas as fases de produção.

Surpreender o consumidor foi o objetivo da empresa ao lançar no mercado o bacalhau demolhado ultracongelado, sendo por isso pioneiros neste campo. Durante este processo, muitas partes do bacalhau não eram aproveitadas – quase 50% do peixe acabava por não ter nenhuma utilidade.

Foi com o objetivo de evitar todo este desperdício alimentar que, em 2002, a empresa lançou no mercado refeições ultracongeladas.

Pesca sustentável… até que ponto?

Num contexto de cada vez maior preocupação com a possível extinção de espécies, as entidades reguladoras e fiscalizadoras têm posto em prática uma legislação cada vez mais rigorosa e procurado introduzir sistemas de pesca cada vez mais seletivos, que respeitem os ciclos naturais de reprodução das espécies. As quotas à pesca impostas pela União Europeia, ou outras medidas – de que é exemplo o aumento do tamanho das malhas das redes de pesca, que evitam, desta forma, a pesca dos exemplares mais pequenos das espécies- têm procurado garantir esse mesmo equilíbrio.

Há alguns anos atrás, A Pascoal & Filhos tentou tornar viável a produção de bacalhau em cativeiro, por via da aquacultura. No entanto, esta trata-se de uma área sensível e que levanta várias questões, nomeadamente no que à alimentação e quantidades a dar aos peixes diz respeito. Nas palavras do próprio administrador, Engº João Vieira, “a experiência não correu bem”.

O bacalhau, como espécie canibal, quando se alimenta, é capaz inclusive de se alimentar das suas crias, pelo que, estando em cativeiro, tal cenário acabaria por resultar na eliminação de grande parte das crias, o que impossibilitaria a reprodução. Em termos energéticos, é o arrefecimento da água para demolha do bacalhau que consome grande parte da fatura de eletricidade. Tendo como base este problema, o objetivo desta indústria piscícola é apostar no desenvolvimento de um plano de eficiência energética a longo prazo.

Figura 2 – Pescado nas águas frias do Norte da Europa e da América, o bacalhau comercializado é da espécie Gados morhua.

Manter a identidade da marca, a sua tradição, a importância estratégica da empresa na economia regional, é o caminho a seguir nos próximos anos de vida da empresa sediada no distrito de Aveiro.

Grupo A3

Mafalda Ribeiro, Tiago Parracho, Bárbara Pereira, Catarina Moreira, Madalena Marcelino, Cláudia Teixeira, Beatriz Mendes, Eliana Silva, Inês Santos, Eliana Proença, Camila Pintassilgo, Leonor Belchior, Maria Moreira, Sophia Santos, Daniela Teixeira, Mariana Serra, Francisco Cunha, Rita Relvas