Milhares de beatas recolhidas por voluntários no Rock in Rio

No passado dia 30 de junho de 2018, cerca de 50 voluntários apanharam 18 mil beatas de cigarro no recinto do Rock in Rio, no âmbito da “Caça à Beata”, iniciativa que decorreu pela segunda vez, uma parceria entre o evento, a Associação Bandeira Azul da Europa e a Missão Beatão.

A Caça à Beata consiste numa sensibilização para um dos maiores problemas identificados no recinto: o grande número de beatas deitadas ao chão durante todo o festival. Desta forma, cerca de 50 voluntários juntaram-se com o material adequado para as recolher, recebendo uma senha para um sorteio a cada garrafa de 33 cl completa, podendo, então, contribuir para o objetivo da iniciativa.

A beata é lixo, visto que nunca se degrada na sua totalidade, acabando por se transformar em microplásticos, responsáveis pela morte de 1 milhão de animais marinhos por ano. Devido à indústria tabaqueira, a desflorestação continua a aumentar pelo facto de serem cortadas 600 milhões de árvores para a sua produção, sendo que 30 cigarros levam ao abatimento de uma árvore. São 7.000 por minuto as beatas atiradas para o chão a nível nacional e, para diminuir o impacto consequente, no âmbito da “Caça à Beata” foram colocados no recinto 6 beatões e distribuídos aos fumadores cinzeiros de bolso reutilizáveis.

Segundo Margarida Gomes, coordenadora dos Jovens Repórteres para o Ambiente (uma das atividades da ABAE), a parceria “surgiu no âmbito de atividades (…) relacionadas com a questão dos resíduos, nomeadamente a questão das beatas nas praias”. Diante de tudo o que polui as praias, o item mais frequente são as beatas de cigarros, que acabam por ir parar ao mar, sendo que a beata por si só demora 4 a 5 anos a degradar-se e o filtro, por conter microplásticos, pode levar a centenas de anos até desaparecer completamente.

De acordo com os cofundadores da Missão Beatão, Isabel e Manuel Nobre, esta iniciativa deixa o recinto com uma grande diferença a nível de limpeza, face ao que era observado em anos em anos anteriores, “é uma iniciativa que está a crescer a nível de voluntários, a nível de quantidades recolhidas…”.  Ambos concordam que este projeto deve continuar a ser expandido, tanto a outras cidades como a outros eventos.

Roberta Medina, mentora do Rock in Rio, afirma que tem conhecimento da Caça à Beata e apela à consciência da sociedade para esta problemática. Além disso, considera que estas iniciativas são essenciais, visto que “o festival é uma plataforma de comunicação alargada, que deve ser usada como exemplo para promover a sustentabilidade”.

Após a contabilização do resultado final, foi possível concluir que, em cerca 3 horas se recolheram 55 litros de beatas, cerca de 18 mil unidades, deixadas no chão durante os dias anteriores.

O cofundador explica que as beatas recolhidas durante esta atividade são utilizadas para combustíveis derivados de resíduos, incorporadas em matéria para valorização energética, permitindo a produção de energia, num tratamento mecânico biológico.

Grupo 5

Ana de Matos, João Pedro Costa, Pedro Lázaro, Jéssica Coutinho, Telma Santos