“Mar Português”

furadouro

Praia do Furadouro

O litoral Português tem vindo a sofrer elevado desgaste devido à erosão costeira. As praias da nossa costa têm vindo a moldar-se mediante a força e poder do mar. Destaca-se a praia do Furadouro, em Ovar, como uma das praias com maior perigo de erosão. O recuo da linha da costa do Furadouro chega a atingir uma média anual de nove metros.A orla costeira apresenta grande dinamismo, o que faz com esta esteja, continuamente, em evolução.

Atualmente, a subida do nível médio das águas do mar e o crescente empobrecimento de sedimentos que chegam ao mar (a maioria do sedimentos fica retida nas barragens ou nos rios) têm levado à depleção das areias nas praias. A este fenómeno soma-se a abrasão marinha que provoca forte desgaste nas formas da costa, com especial efeito nas rochas.
No sentido de controlar o poder da natureza, o Homem tem vindo a desenvolver obras na faixa litoral, tais como: obras transversais à linha de costa (esporões), construções paralelas aderentes à linha de costa (paredões) e ainda construções destacadas (quebramares).
No caso em estudo, a praia do Furadouro, a forte ondulação tem ameaçado os habitantes e comerciantes que sofrem as consequências da fúria do mar, que arremessa detritos diversos para a avenida inviabilizando o normal decorrer do dia a dia desta povoação. Para além de que esta praia é procurada, em época balnear, por milhares de banhistas.
Há anos que se procura uma solução definitiva para o Furadouro, no sentido de conter a ondulação. Contudo, as obras levadas a cabo não garantem a segurança dos habitantes nem da própria praia.
Os esporões nesta linha de costa não têm o tido efeito desejado. Verifica-se que a construção de esporões na costa ocidental favorece a deposição de sedimentos arrastados pelas correntes, a norte do esporão, mas agrava a erosão a sul deste. Assim, a solução do problema representa a criação de ainda mais problemas, não havendo perspectivas de soluções rápidas e eficazes nos planos governamentais.
Existem dados desde 1870 que apontam para recuos na faixa costeira entre Espinho e São Jacinto. E, apesar do troço entre Espinho e Cortegaça, que integra a praia do Furadouro, se encontrar assinalado negativamente por causa da erosão, continuam a surgir novas construções, algumas delas de grandes volumetrias, junto à linha de costa, num território há muito considerado vulnerável. Os interesses imobiliários, que têm contado com o apoio das câmaras e até do Governo, não se coíbem de ocupar as zonas naturais de defesa da costa, agravando a erosão e o recuo da costa. A construção sobre a faixa litoral, em oposição aos planos de ordenamento do território, é um exemplo dos erros que têm sido cometidos na costa.
Para além disso, as alterações climáticas colocam sérios riscos ao litoral. A subida do nível do mar vai agravar a erosão costeira, colocando em perigo pessoas e bens.
O povoado do Furadouro poderá encontrar-se em perigo iminente. Acredita-se que, dentro de alguns anos, numa situação de mar alterado, a água contornará o enrocamento frontal existente imediatamente a sul do esporão, avançando em direcção às habitações.
A solução passará, numa primeira fase, por prevenir e não remediar: não permitir mais construções no litoral, deslocalizar algumas infra-estruturas e equipamentos em locais de risco para zonas adequadas, e realizar obras de protecção da costa que tenham em conta a dinâmica própria dos ecossistemas costeiros.
A ocupação antrópica levou a grandes alterações paisagísticas, resultando na deterioração ambiental. Assim, cabe a cada um de nós mudar as nossas atitudes para que possamos preservar esta casa que é de todos: o nosso planeta.

Sara Luciana Cascais