Lojas sustentáveis: dificuldades e desafios

As lojas sustentáveis são cada vez mais frequentes nas nossas cidades e para alguns já é um hábito comprar produtos a granel, contribuindo para um futuro mais sustentável. Mas estes tipos de lojas têm as suas características que as tornam diferentes das outras mais tradicionais, apresentando-se como uma solução para muitos, mas um desafio para os seus proprietários.

Loja sustentável em Braga- Fotografia: Mariana Martin

Do fundo de uma loja de café, o proprietário de uma loja sustentável, Hélder Ferreira, orgulhosamente refere que “este espaço é uma loja em que se encontram produtos não produzidos em grande escala, que não se encontram nos grandes supermercados”.
Mariana Batista, proprietária de uma loja de venda de produtos a granel, aponta que “uma loja sustentável é uma loja que tem de obedecer a vários fatores: tipo de embalagem, tipo de ingredientes e a sua origem, e o produto em si”.
Segundo estes empreendedores, os resíduos são um fator para que uma loja se considere sustentável -têm de ser depositados em locais específicos: os materiais recicláveis para a reciclagem, os orgânicos para a compostagem e o lixo restante para o lixo comum. Apesar de o tratamento dos resíduos ser um fator importante para a sustentabilidade, as estratégias consideradas mais eficazes são aquelas que estão orientadas para a menor produção de lixo possível. Mariana refere que “só são aceites embalagens de papel e esse papel é reutilizado e usado para o enchimento das encomendas online que podem surgir nesta loja. As pessoas também podem levar de casa as suas próprias embalagens para transportar os produtos adquiridos na loja”, demonstrando preocupação quanto à missão deste tipo de espaços comerciais.
Para o Sr. Hélder, o maior desafio para quem quer ter uma loja sustentável, é satisfazer o “consumidor final que, muitas vezes, procura preço em vez de qualidade e sustentabilidade”. Para Mariana “o que mais dificulta é a legislação que não permite às lojas a granel terem alguns produtos que possam ser vendidos sem embalagem”, apontando a solução para a mudança da legislação sobre lojas sustentáveis. Remata ainda que “isto passa tudo pela parte política, no sentido de conseguirmos ter uma legislação específica para lojas sustentáveis. Isso ainda não existe, mas estamos no caminho de ter uma legislação mais abrangente.”. Neste sentido, Hélder, afirma que a solução já passaria por algo diferente, “a criação de uma confraria em que os artesãos e os produtores mostrassem os seus produtos aos comerciantes”.

Noutro sentido, o proprietário da loja de café partilha que “os fornecedores são uma parte importante do comércio”. Nesta área, os dois proprietários concordam, havendo cada vez mais fornecedores sustentáveis, mas o que predomina neste setor são os fornecedores não sustentáveis.

Venda a granel – Fotografia: Mariana Martin

Para os proprietários entrevistados, um fator crucial no sucesso empresarial é a adesão dos clientes aos produtos sustentáveis. O Sr. Hélder considera que a população prefere produtos não sustentáveis porque estes têm uma melhor relação qualidade/preço ou, então, só pelo preço. Mariana refere que “a população, que está sensibilizada para o tema da sustentabilidade, compra muito facilmente produtos sustentáveis”. Segundo a lojista: “Quem não está sensível para o tema é um bocadinho complicado ter de explicar o porquê de terem de mudar alguns hábitos”. No entanto, a entrevistada considera que a estratégia passa por mostrar às pessoas que podem ter os mesmos tipos de produto em casa, mas obtidos de uma forma mais sustentável, contribuindo, assim, para a diminuição da pegada ecológica sem abdicar de produtos e bens.

Mariana da Silva Martin