Living the American Dream – A Educação Ambiental num Mundo em Mudança

Recentes políticas da administração Trump colocaram em causa a integridade da comunidade científica a nível mundial, reforçando a simples veemência em desmentir e desvalorizar a existência de uma realidade inevitável: o aquecimento global.

Com a vitória de Donald Trump em janeiro deste ano na corrida à Casa Branca, o mundo assistiu em choque à saída dos EUA do Acordo de Paris (anteriormente assinado pelo ex-presidente Barack Obama), à defesa da indústria do carvão em detrimento de energias renováveis e à maior redução de áreas protegidas na História norte-americana. Segundo o jornal Público: “O Presidente norte-americano anunciou a redução em cerca de 85% o território de Bears Ears, uma extensa área protegida criada por Obama em dezembro do ano passado, e cortou quase 46% da superfície da Grand Staircase-Escalante, um parque protegido em 1996 por Clinton.” Especulação em torno desta medida surgiu após a descoberta de depósitos de carvão na área protegida de Grand Staircase-Escalante, no estado de Utah, lar de inúmeras comunidades indígenas Navajo.

A prioridade da Administração Trump reside na defesa da independência energética do país, sendo que para esta meta seja alcançada, o atual presidente aposta na indústria mineira para liderar a mudança. A ordem executiva assinada por Trump em março deste ano, assinalou a saída na revisão do Plano de Energia Limpa lançado por Barack Obama, que visava a redução da emissão de gases com efeito estufa. Ironicamente, uma das principais figuras a liderar as ações legais contra a política de redução de emissões de dióxido de carbono foi Scott Pruit, um afirmado cético acerca das alterações climáticas e o atual administrador da Environmental Protection Agency (EPA). A 29 de março de 2017, Scott Pruit rejeitou a proibição da utilização de pesticidas clorpirifos pelos agricultores dos EUA. Recentes relatórios publicados pela EPA apontavam para uma correlação evidente entre danos cerebrais em crianças e agricultores, após baixa exposição a clorpirifos. Ainda assim, o Departamento de Agricultura dos EUA saudou a decisão de Pruitt, considerando uma vitória para os agricultores dos EUA.

Recentes estudos demostram que 97% da comunidade científica concorda que as alterações climáticas derivadas do impacto antropogénico são algo real. Contudo, segundo dados da UNFCCC, somente 40% dos países a nível mundial incluem as alterações climáticas no currículo escolar obrigatório. Nos EUA têm-se registado alguma resistência na implementação desta temática nos programas curriculares, tal como verificado no passado pela insistência na inclusão da teoria criacionista como a teoria cientificamente válida em Biologia Evolutiva. Vários fatores são apontados como responsáveis, tais como a falta de formação dos professores e a utilização de manuais altamente desatualizados.

Numa avaliação conduzida pela Scientific American a quatro candidatos presidenciais norte- americanos em relação a 20 perguntas relacionadas com ciência (geradas pelo website ScienceDebate.org), Donald Trump foi o pior classificado, com uma pontuação de apenas 7 em 100. Hillary Clinton conseguiu a melhor classificação do grupo com 64 pontos.

A compreensão de temas tais como as alterações climáticas deve começar pela educação das camadas mais jovens da sociedade. Citando Harper Lee, célebre escritora norte-americana: “Atticus disse-me que se eu apagasse os adjetivos, acabaria por descobrir os factos”. E os factos são exatamente que apenas 22% dos apoiantes de Trump reconhecem o papel do ser humano na contribuição para o atual cenário devastador das alterações climáticas. Assim, a educação ambiental assume-se como uma ferramenta fulcral para uma completa compreensão de um mundo em mudança e na criação de um espírito crítico científico e informado.

 

 

 

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Mafalda Gomes