Observatório do Sobreiro e da Cortiça: investigar para concretizar

“O observatório do Sobreiro e da Cortiça é o ícone ao sobreiro e aquilo que nós defendemos enquanto imagem de marca do concelho de Coruche”, afirma o Presidente da Câmara Municipal, Francisco Silvestre de Oliveira, sobre um dos edifícios mais emblemáticos da região. É numa infraestrutura absolutamente provocadora, fruto do génio criativo do arquiteto Manuel Couceiro, que, em 2008, nasce o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, fruto da necessidade do município de Coruche de promover a valorização do montado de sobro como um nicho ecológico de grande valor.

Para alcançar os seus objetivos, o Observatório realiza diversas parcerias, entre as quais se destacam laboratórios dedicados ao estudo de temáticas diretamente relacionadas com a cortiça, como o  CTCOR (Centro Tecnológico de Cortiça), responsável pela investigação na área da produção corticeira, a APFC (Associação de Produtores Florestais), a UNAC (União da Floresta Mediterrânica),  a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa ou a  Universidade de Évora. Todas estas entidades trabalham no sentido de aumentar o conhecimento sobre as propriedades da cortiça.

“Este observatório surgiu um pouco para criarmos uma ligação entre as universidades, os centros de investigação e os produtores, ou seja, [promover] uma transferência de conhecimento”. Esta ponte, enunciada por Francisco de Oliveira, estabelecida entre os produtores e o mundo académico, potencia o aparecimento de soluções inovadoras com aplicações práticas nos mais diversos campos e maximiza a sustentabilidade da produção, evitando a mortandade entre os sobreiros.

A partir do trabalho realizado na investigação e da análise às potenciais utilizações da cortiça, à margem da produção de rolhas (o principal destino desta matéria prima), descobriram-se formas de aproveitamento numa área mais direcionada à sustentabilidade. Exemplo disso, é a utilização de cortiça quando há necessidade de controlar derrames de petróleo no oceano; nestas situações a utilização de absorventes derivados da cortiça assume-se como uma das soluções mais viáveis para minimizar os impactos. Estes produtos, denominados CorkSorb, consistem em grânulos de cortiça que delimitam a área afetada e que, graças à sua capacidade hidrofóbica, absorvem óleos e solventes orgânicos sem absorver água. “É das formas mais fáceis de conseguir recolher o óleo”, referiu Maria do Carmo Alves, que atualmente trabalha no Município de Coruche em representação de um programa de valorização económica de recursos endógenos (PROVERE).

O trabalho contínuo do Observatório do Sobreiro e da Cortiça na valorização da cortiça, enquanto matéria-prima de grande potencial, contribui para a descoberta de aplicações tão variadas, que vão desde produção de rolhas até ao desenvolvimento de  produtos que contribuem para a minimização de impactos ambientais.

Inês Galvão, Eduardo Veiga, Bernardo Moita, Ana Vale