Futuro Enterrado

O aterro sanitário do ecoparque em Braga está a ser enchido a um ritmo muito acima do que estava previsto. Esta situação está a preocupar pela iminência de se atingir um ponto crítico.

 “O planeta está a ficar obsoleto”, esta foi a declaração do Engenheiro Pedro Machado,  diretor da Braval Ecoparque, enquanto se dirigia aos jovens do Agrupamento de Escolas André Soares. Avisou ainda que “estamos a consumir muitos recursos” se nada for feito nos próximos 50 anos “o planeta vai morrer” e o papel dos jovens é de extrema importância.

As pilhas de lixo acumuladas no parque da Braval

“Dos 300 mil quilos de lixo que chegam ao parque da Braval e que vão para o aterro, cerca de 120 mil quilos são materiais recicláveis (embalagens, papel, vidro)” informou Pedro Machado. Estes materiais recicláveis que vão diretamente para o aterro, ocupando espaço, ficam depositado sem sofrer degradação, ao contrário dos resíduos orgânicos biodegradáveis que são valorizados para a produção de energia elétrica (biogás).

Estes números demonstram que a comunidade bracarense ainda não recicla o suficiente para diminuir o lixo urbano.  O Plano Estratégico dos Resíduos Urbanos até 2025 (PERSU 2020+) prevê uma meta de reciclagem para os resíduos urbanos de 65% e um depósito máximo em aterro de 10% em 2035. 

O Ecoparque 

O ecoparque tem diferentes áreas para os diferentes tipos de lixo que recebe: uma estação de tratamento de óleo, uma de reciclagem de pneus, uma estação de triagem e  um aterro sanitário (dividido em 3 compartimentos: um grande e dois médios).

Aterro de maior capacidade selado após 18 anos

O compartimento maior atingiu o seu limite de armazenamento entre 1998 e 2016 e um dos compartimentos médios também já foi encerrado. Este durou apenas três anos (2016 a 2019) a atingir a quota máxima. O terceiro compartimento já está a metade da sua capacidade, consequentemente os  bracarenses têm que alterar os seu hábitos de reciclagem.

Medidas para a população

A Engª. Isabel, diretora de comunicação da Braval, também informou que “a população cada vez recicla mais, mas mesmo assim continua a produzir demasiados resíduos urbanos”,  acrescentou que, “se até 2025 não reduzirmos a 50%, podemos ficar sem planeta. Temos de reduzir bastante para podermos ter um planeta sustentável e algumas das medidas, que podemos fazer, são: usar o papel frente e verso e depois reciclar para fazer papel reciclado; separar o lixo; utilizar a água só quando é preciso.” 

Para reduzir o lixo urbano existem várias formas: entregar a roupa em contentores ou lojas para serem reutilizadas, fazer compostagem com os restos de cascas de frutas etc.,reciclar pilhas, velhos eletrodomésticos, requisitar serviços competentes para recolher os “monstros” em vez de os deixar em matas ou florestas. Estas são algumas das medidas  que poderão contribuir para a redução dos resíduos urbanos e para o prolongamento do tempo útil do aterro sanitário.

  Por fim, o Engenheiro Pedro Machado reforçou que “a separação do lixo é uma das estratégias mais importantes para a preservação do ambiente, permitindo a reciclagem e reutilização de materiais, contribuindo desta forma para a sustentabilidade do planeta”.