Florestas esperadas e desesperadas

João Guerreiro, professor da Faculdade de Economia e coordenador científico da Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia (CRIA) da Universidade do Algarve (UAlg), interveio no Seminário Nacional Eco-Escolas 2019 como moderador do painel: Reinventar a nossa Floresta.

1 – João Guerreiro entrega Relatório de Pedrogão Grande ao Primeiro Ministro.
Fonte: José Sena Goulão / LUSA

O assunto dos incêndios rurais que ocorreram em várias zonas do país, nomeadamente em Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, conduziram a uma análise e apuramento das falhas. Esta trata-se de um relatório organizado por uma Comissão Técnica Independente. Novamente confrontado com esta temática, o docente da UAlg reforça que apesar de ter coordenado os trabalhos da comissão, não acompanhou a implementação das medidas propostas.

Assume que “os principais intervenientes na sociedade tomaram consciência de que os incêndios florestais não são um detalhe das vidas das zonas rurais”. João Rodrigues considera ainda que a questão dos incêndios tem de “ser pensada, sendo necessária uma intervenção fundada em conhecimento das dinâmicas florestais e sociais”.

Na sua opinião, as entidades locais de que são exemplo os Municípios, começaram a ter um papel mais presente nas políticas de intervenção e combate. A catástrofe vivenciada em 2017, suscitou do ponto de vista nacional, um grande debate sobre o interior do país. Tudo isto contrasta com o que argumenta João Guerreiro, quando diz que, no passado, as Câmaras Municipais tinham projetos que não eram aprovados. Atualmente, a postura é mais interventiva nestes domínios, inclusive por parte do Governo. No entanto, esta não é só uma responsabilidade das entidades públicas. De acordo com o docente, “também é das instituições e das famílias, isto é, assume-se como uma responsabilidade coletiva”.

2 – João Guerreiro, professor na UAlg
Foto de: Filipa Murta

Em relação às medidas que integram o relatório, a maior parte foram adotadas pelo executivo governamental, ainda que muitas não tenham impacto imediato por serem desenvolvidas em médio e longo prazo. Tal como aconteceu com a Agência de Gestão Integrada de Combate aos Incêndios Rurais, uma das propostas centrais para coordenar todas as atividades com incidência no mundo rural. Esta iniciativa, surgiu a partir das falhas de conhecimento e de coordenação nos incêndios florestais de 2017. De destacar que não substitui as forças de intervenção, uma vez que atua sobre o seu próprio campo.

Um dos pontos fundamentais para prevenir este tipo de situações é a aposta na tecnologia, essencial para a orientação das equipas. No que respeita aos incêndios que ocorreram em Monchique, afirma que “houve meios aéreos que circularam permanentemente a dar instruções ao terreno e sobre as direções que deviam seguir”.

Porém, no que toca às universidades, afirma que algumas destas já têm correspondido aos desafios. Ainda assim, “precisam de ser “picadas” e incentivadas a fazer trabalhos e a colaborar em novos projetos”. A UAlg é um dos exemplos de como os centros de investigação e as empresas mantêm-se parceiras e valorizam as tecnologias de informação e de comunicação. Em breve, as empresas da região terão um polo tecnológico que será instalado na instituição de ensino superior.

Filipa Murta, Paulo Cardoso