Entrevista: Jane Goodall e o programa “Roots & Shoots”

Nascida em 3 de abril de 1934, em Londres, Inglaterra, Jane Goodall é um membro altamente respeitado da comunidade científica mundial e é uma grande defensora da preservação ecológica. É Explorer-in-Residence da National Geographic e Mensageira da Paz das Nações Unidas. Esteve em Portugal para o National Geographic Summit. Estando o Colégio Valsassina envolvido neste evento, através do Programa “Roots & Shoots”, foi uma oportunidade única e especial para conhecer um pouco mais sobre Jane Goodall. Agradecemos à Roots & Shoots Portugal e à Dra Susana Roque (FOX, National Geographic) a colaboração na recolha das respostas.

 

Quando chegou ao Parque Nacional Gombe, em 1960, o que esperava encontrar?

Tinha como objetivo apenas viver o sonho de estar no meio de animais selvagens, não havia outro objetivo em mente.

 

Tinha alguma técnica particular de observação?

Todos os dias procurava os chimpanzés e anotava todos os seus comportamentos. Hoje em ciência chama-se a esta técnica observação ad libitum. Para melhor os identificar, foram atribuídos nomes a cada chimpanzé e os elementos de cada família tinham nomes começados pela mesma letra.

 

Atualmente o trabalho de campo parece exigir uma metodologia muito rigorosa. Considera que é possível conduzir observações como a que realizou?

Sim, e a mesma é feita ainda e incríveis descobertas são feitas desta forma!

 

Qual considera ser a sua descoberta mais importante?

A descoberta de que os chimpanzés, tal como os humanos, fabricam e usam instrumentos foi a mais importante. Na altura pensava-se que esta característica era o que distinguia os humanos dos restantes animais. Inclusivamente Louis Leakey quando soube do sucedido proferiu uma frase que ficou famosa para a história “Teremos agora que redefinir “instrumento”, redefinir “humanidade” ou aceitar os chimpanzés como humanos”. Esta descoberta revolucionou a ciência na altura e permitiu que o financiamento para a estadia no Gombe fosse alargado e consequentemente o estudo pudesse continuar.

 

Há algo que considera ter aprendido com os chimpazés que a ajudam a lidar com as pessoas?

Num dos seus livros, a Dra Jane conta que quando foi mãe uma das suas principais “professoras” foi uma chimpanzé que era uma mãe extremosa. Observar a forma calma e atenta como ela criava os seus filhos ajudou-a a criar o seu próprio filho.

 

Num determinado momento a Dra Jane Goodall decidiu deixar o trabalho de campo e seguir uma vida ligada ao ativismo ambiental. Qual o motivo que a levou a tomar esta decisão e a viajar pelo mundo inteiro para realizar palestras?

Esta escolha está associada ao facto de reconhecer que o Gombe era um pequeno oásis e que era necessário salvar a natureza e os animais e que só uma alteração nos padrões comportamentais das pessoas permitiria chegar a este objetivo. Se cada um de nós tiver consciência do impacto das nossas ações e tiver a consciência que cada escolha que fazemos tem um impacto e que as nossas escolhas diárias podem salvar o mundo iremos fazê-lo.

 

Passa a maior parte do ano a viajar. Onde é que se sente em casa?

A Dra Jane sente-se em casa na casa onde cresceu, em Inglaterra, onde atualmente vive a sua irmã e na qual gosta sempre de passar alguns dias e no Gombe.

 

Tem esperança no futuro?

Nunca é demasiado tarde. A Dra Jane é uma pessoa optimista! Ela acredita que aos poucos o mundo está a mudar e acredita veementemente no poder dos jovens enquanto agentes de mudança

Turmas 6.º B, 6.º C, 8.º D e 9.º C

Alunos das turmas:.º B, 6.º C, 8.º D e 9.º C