Comunicar a zumbir

“Não nos focamos só nas abelhas, mas sim no estudo de todos os integrantes do ecossistema como um todo”, disse Edite Ferreira, especializada na área da Apicultura e da Cera e uma das responsáveis d’A Apicultora, em Coruche. É nisto que se baseia todo o negócio familiar que tem por objetivo promover uma apicultura sustentável através da proteção, não só das espécies, mas também dos habitats de abelhas.

“Não nos focamos só nas abelhas, mas sim no estudo de todos os integrantes do ecossistema, como um todo”, afirma Edite Ferreira, especializada na área da Apicultura e da Cera e uma das responsáveis d’A Apicultora, em Coruche. Este é o principio que serve de base a um negócio familiar que tem como objetivo promover uma apicultura sustentável através da proteção, não só das espécies, mas também dos habitats de abelhas.

A Apicultora é um espaço em constante crescimento, que está há 6 anos em permanente construção e onde as plantações fazem parte do dia a dia. Segundo Edite Ferreira, o enfoque d’A Apicultora não está apenas nos animais, uma vez que as abelhas contribuem para a sobrevivência do ecossistema através da sua relação com as plantas, o que leva a um grande investimento na plantação de diferentes espécies, como por exemplo a hortelã, a urze, o poejo, entre outras.

A apicultora explica como funcionam as colmeias

Para além do trabalho já desenvolvido, o projeto passa por, num futuro próximo, colocar numa das paredes exteriores, de um dos edifício do empreendimento, ilustrações dos vários animais selvagens que vivem no montado e que têm vindo a ser protegidos, entre os quais a raposa. “Todo o conjunto é um ecossistema, daí ser importante todos os seus constituintes ficarem retratados, porque fazem (…) parte de um nicho de terras que estão preservadas para que eles (os animais selvagens e as abelhas) consigam estabelecer-se nos seus habitats”, revelou a proprietária d’A Apicultora. Desta forma, pretende-se reforçar a ideia de que para melhorar a situação das populações de abelhas é necessário o equilíbrio tanto da fauna, como da flora.

Para atrair anfíbios, incrementar a biodiversidade e controlar de pragas, foi criado um charco que, devido à introdução de cyprinus carpio (carpa koi), uma espécie invasora que não coexiste com as espécies autóctones, não surtiu o efeito desejado.  Este é um dos exemplos que ilustra o papel das espécies nativas em todo o processo.

Espaço da “Apicultora” com plantação de ervas aromáticas e um lago

N’A Apicultora, os visitantes continuam a ser sobretudo estrangeiros. “Lá fora, cada vez mais se dá a devida importância à situação das abelhas; aqui ainda não se fala na sua extinção, apenas temos começado a sentir quebras na população de ano para ano e cada vez maiores”, explica Edite Ferreira.  A nível internacional, além da percepção do acentuado declínio da população de várias espécies de abelhas, estão presentes as  consequências que isso acarreta. Em França, ou nos Estados Unidos da América, perante as grandes quebras de produção das colónias de abelhas, as entidades responsáveis deram voz a esta problemática.  De acordo com a responsável pel’A Apicultora, “em Portugal, isto ainda não aconteceu, não se dá a devida importância, as pessoas só se importam com as coisas quando elas já desapareceram”. Edite Ferreira considera que a mensagem pode passar de uma forma mais eficaz se estas temáticas merecerem um lugar de maior destaque nos organismos centrais, “em vez de ser um privado a trabalhar um projeto de difícil financiamento”.

“Os apicultores são os guardiões do Planeta”, estas palavras resumem a mensagem do projeto que, no fundo, passa pela aposta na comunicação e na sensibilização face à importância das abelhas para o Planeta. A capacidade de polinização das abelhas e de fecundar grande parte dos vegetais da flora afigura-se como essencial para assegurar um futuro para a Humanidade, sendo necessário ​dar a estas temáticas o devido destaque.

Inês Galvão, Eduardo Veiga, Bernardo Moita, Ana Vale