Caminhamos sobre Fósseis de Rudistas

Na Escola Secundária Sebastião e Silva, em Oeiras, a comunidade educativa caminha sobre fósseis de Rudistas: moluscos bivalves marinhos extintos há cerca de 66 Ma.

Caminhamos sobre Fósseis de Rudistas

Os Rudistas, moluscos bivalves, surgiram durante o Jurássico Superior, prosperaram durante cerca de 90 Ma, tendo-se extinguido há cerca de 66 Ma devido aos fenómenos subsequentes à queda de um asteróide que atingiu a Terra na era Mesozóica. Eram animais sésseis – fixos ao substrato – que viviam em águas pouco profundas quentes e límpidas. Crê-se que, tal como os bivalves atuais, os Rudistas seriam animais filtradores, alimentando-se de partículas orgânicas em suspensão na água.

Presentemente, os fósseis de Rudistas são observáveis em alguns edifícios, nomeadamente, na nossa escola – Escola Secundária Sebastião e Silva (ESSS). A ESSS tem numerosas superfícies revestidas a calcário de lioz, que, assim, se denomina devido à palavra liois, do francês arcaico, a qual significa calcário compacto. A ESSS tem nas suas escadarias, parapeitos das janelas, paredes e chão do átrio principal muitas evidências destes fósseis, os quais integram o calcário de lioz. O lioz tem grande valor económico e cultural tendo sido classificado, em 2019, pela UNESCO como Global Heritage Stone Resource.

Na ESSS estão presentes representantes de Rudistas radiolitídeos e de Rudistas caprinídeos, presentes em lioz bege, amarelado e rosado. Estes fósseis são somatofósseis, pois os vestígios deixados são do seu esqueleto externo: a concha composta por duas valvas.

Os Rudistas são, também, fósseis de fácies, pois permitem identificar o ambiente geológico em que viveram. Deste modo, poderemos concluir que no passado existiu na região de Lisboa – Sintra um mar tropical, de águas quentes e límpidas, pouco profundo, com fundos ricos em lama carbonatada.

O calcário de lioz encontra-se a norte e noroeste de Lisboa. Os depósitos de lioz formaram-se no período Cretácico. Esta rocha sedimentar foi especialmente importante na reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755, embora a sua utilização no edificado remonte ao período da Olissipo romana – Lisboa no tempo em que pertenceu ao Império Romano. O lioz foi utilizado na construção de diversos monumentos portugueses, sendo um deles o Convento de Mafra.

O calcário de lioz é uma rocha durável, contudo também se degrada, especialmente, quando é lavado com detergentes ácidos. Uma experiência realizada na disciplina de Ciências Naturais, no âmbito da geologia, é a reação de efervescência resultante da reação do ácido clorídrico com o calcário. Em locais onde ocorrem os efeitos nefastos da grande industrialização, como em Londres e em Hong Kong, ocorrem chuvas ácidas, as quais são responsáveis pela destruição progressiva do edificado que integra calcário.

O ambiente sedimentar favorece a fossilização. Quando os seres vivos morrem e são rapidamente soterrados por sedimentos finos poderá ocorrer o empobrecimento em oxigénio e em água, o que dificulta a ação decompositora, perpetrada por bactérias e fungos, e, favorece a fossilização por mineralização.

Os Rudistas foram animais admiráveis. Atualmente é possível apreciar e estudar os seus fósseis, pelo que se desejar saber mais sobre os Rudistas, presentes na ESSS, poderá visualizar vídeo (https://youtu.be/y-imarS3iKQ) e as fotografias:

https://www.casadasciencias.org/imagem/10168

https://www.casadasciencias.org/imagem/10158

https://www.casadasciencias.org/imagem/10159

 

Sofia Franco Rafael Gouveia