Braga renasce: campanha “Florestar Braga” cinco anos depois dos incêndios

Desde o grande incêndio de 2017 que o Município de Braga tem levado a cabo ações de reflorestação e regeneração das suas áreas florestais. Qual será o ponto da situação da floresta local?

Alunos de Braga em plena ação de reflorestação Fotografia: Filipa Tavares

Numa tarde de sexta-feira, no Parque Urbano do Picoto, agitaram-se as alfaias agrícolas, dando vida a mais uma campanha “Florestar Braga” promovida pela Câmara Municipal de Braga (CMB). Ao longo dos  5 anos, após os terríveis incêndios que colocaram a cidade de Braga frente a uma catástrofe descontrolada, mobilizam-se organizações e escolas para reflorestar Braga. Segundo informações prestadas pela responsável do Gabinete Florestal da Câmara Municipal de Braga, “Após o grande incêndio de 2017, o município de Braga submeteu duas candidaturas, uma ao PDR 2020 – Estabilização de Emergência Pós-Incêndio – Município de Braga – PDR 2020”, e outra à Agência Portuguesa do Ambiente Reabilitação e Requalificação dos sistemas ribeirinhos pós-incêndio”, informaram ainda que, no âmbito da candidatura “Estabilização de Emergência Pós-Incêndio – Município de Braga – PDR 2020, foram plantados árvores e arbustos, nomeadamente, quercus róbur (carvalho-alvarinho), quercus suber (sobreiro), arbutus unedo (medronheiro), daboecia cantábrica (urze-irlandesa), coluna vulgaris (torga) e osyris alba (sândalo-branco) ao longo de 24 hectares.

A Engenheira Cristina Costa, técnica superior do ambiente da CMB e dirigente do Núcleo de Braga da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), informou que esta, deve ser “a nona campanha de reflorestação que a Câmara Municipal de Braga promove” e que “foram seguramente plantados mais de uns milhares de árvores”. Informou ainda que nesta “edição prevemos um por cada participante, portanto, mais de 200 árvores serão transplantadas”.

O Gabinete Florestal bracarense refere que “a taxa de sobrevivência das árvores plantadas ronda os 30%”, pelo que se torna necessária a ”realização de manutenção nas áreas plantadas”. Contudo, tal nem sempre é possível por se tratar de propriedade privada, visto que o “município não tem legitimidade para o fazer”. Para superar esta dificuldade, “esta situação foi já colocada ao Governo, com vista à criação de alguma disposição legal que permita ao estado/autarquias substituir-se aos proprietários neste tipo de situações”.

A edição de 2022 do “Florestar Braga” teve a duração de uma semana, incluindo a distribuição de plantas e material para a elaboração de granadas com sementes de melíferas nas escolas de proximidade e IPSS, a observação da diversidade florística no Picoto em parceria com a Universidade do Minho, a plantação de árvores e arbustos com a participação de alunos do ensino profissional e terminou no sábado com a participação pública na florestação e limpeza do Picoto.  

“Atualmente as áreas florestais (floresta e incultos) constituem a ocupação mais representativa no concelho de Braga, ocupando uma área total de 7446,72 hectares. Seis freguesias do concelho possuem área florestal e incultos superior a 50% da respetiva ocupação, nomeadamente, Espinho, Tadim, Sobreposta, Esporões, a União de Freguesias de Guisande e Oliveira São Pedro, e a União de Freguesias de Morreira e Trandeiras”, informa o Gabinete Florestal da Câmara Municipal de Braga.

Para estas iniciativas, são convidadas as escolas do concelho a participarem na plantação de arbustos e árvores nessa zona da cidade, assim como numa ação de plogging. O objetivo foi sensibilizar para a preservação da floresta. Segundo a engenheira Cristina Costa, “os jovens têm um papel decisivo na preservação da floresta, estando ao seu alcance estimar os espaços envolventes à floresta, não deitando lixo para o chão”.

Engenheira Cristina a liderar o plogging Fotografia: Filipa Tavares