O Que Faz Bem à Saúde Não Faz Bem ao Ambiente?

"O que faz bem à saúde não faz bem ao ambiente" é indubitavelmente uma arrebatadora forma de resumir, numa única frase, a apresentação de Luís Figueiredo, Diretor-Geral da VALORMED. Luís Figueiredo, orador da mais recente edição do Greenfest Cascais, veio sábado, 30 de setembro, apresentar esta sociedade, o seu trabalho, as suas dificuldades e as suas ambições a curto e longo prazo.

Luís Figueiredo, Diretor-Geral da VALORMED

A VALORMED é uma sociedade criada em 1999 que lida com gestão de resíduos de medicamentos fora de uso e de embalagens vazias. Parafraseando o Diretor Geral, esta sociedade tem como papel minimizar o número de medicamentos que os cidadãos possam ter armazenados em casa.
Com uma rede nacional de ampla cobertura geográfica para recolha e gestão de resíduos, 98,5% das farmácias portuguesas (aproximadamente 2931) são aderentes da VALORMED. Todas estas dispõem de contentores, nos quais os cidadãos poderão depositar resíduos de embalagens de medicamentos de uso humano ou veterinário, contendo ou não restos de medicamentos. Materiais como agulhas, seringas, radiografias, aparelhos elétricos, gaze, material cirúrgico, termómetros, entre outros não deverão ser depositados nestes contentores, se bem que a VALORMED, no processo de triagem, os encaminha para os locais apropriados.
No ciclo de tratamento de resíduos, os contentores das farmácias são selados e recolhidos por empresas de distribuição de medicamentos. Passam, posteriormente, por um processo de armazenagem intermédio, onde ficam em contentores estanques. Depois, são transportados por um operador de gestão de resíduos para o centro de triagem da VALORMED. Aqui, dá-se a sua separação e classificação, para que possam ser finalmente entregues a gestores de resíduos autorizados, responsáveis pelo seu tratamento. As embalagens são recicladas e os restos dos medicamentos são incinerados na Valorsul e na Lipor.
A capacidade técnica da VALORMED para assumir a gestão do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (SIGREM) é assegurada pela aliança de diversas competências, sinergias e participação dos três intervenientes na cadeia do medicamento. A Indústria Farmacêutica, responsável pela produção, acondicionamento e embalagem de medicamentos, as Farmácias com um papel crucial na sensibilização dos cidadãos no ato de dispensa dos produtos e os Distribuidores que asseguram a recolha dos medicamentos das farmácias.
Todavia apenas 10% dos medicamentos colocados no mercado são devolvidos, já contando com a percentagem que é consumida. Tal estatística alerta para os problemas consequentes, desde já aliados à atividade química destes produtos. Há vários riscos ambientais derivados da incorreta gestão destes resíduos, como a contaminação de solos, a deterioração da qualidade das águas (as ETAR’s não fazem retenção dos produtos e subprodutos associados) e impactes na fauna e na flora. Para além disso, levantam-se ainda severos problemas ligados à saúde pública. A acumulação de medicamentos fora do prazo potencia situações de automedicação indevida, intoxicações acidentais (normalmente de crianças) e entrega a terceiros de medicamentos sem prescrição médica específica.
Atualmente, cerca de 1,3 biliões de toneladas de resíduos urbanos são produzidos anualmente. Sendo que efetivamente uma grande percentagem destes resíduos são medicamentos, a ação da VALORMED torna-se cada vez mais fulcrar e procura dar resposta à necessidade de implementação de um sistema autónomo de recolha e tratamento de resíduos de medicamentos.

Alternativas

Sofia Loureiro, Terapeuta Natural e Autora de dois Guias de Remédios Naturais

Uma das alternativas, ainda desconhecida por muitos, para reduzir a quantidade de resíduos da indústria farmacêutica, passa por substituir os fármacos por produtos utilizados na Medicina Natural. Recorrendo às terapêuticas naturais com têm por base os princípios ativos das plantas, hidroterapia e homeopatia, pode ser possível reduzir substancialmente o consumo de medicamentos.
Neste sentido Sofia Loureiro, Terapeuta Natural e Autora de dois Guias de Remédios Naturais, abordou, numa sessão no Greenfest, algumas medidas de prevenção e remédios naturais que, quando opção, podem refletir uma redução no consumo de medicamentos. Os remédios naturais poderão ser uma primeira abordagem aquando do aparecimento de sintomas, pois sendo “menos agressivos e mais eficazes, fortalecem o sistema de defesas, enquanto os fármacos suprimem os sintomas e prolongam a afeção”, explicou Sofia Loureiro. Ambas as vertentes, convencionais ou não, podem interagir em sinergia, originando a Medicina Integrativa, que combina a Medicina Clássica com as Terapias Alternativas e Complementares.
Ainda assim, é de salientar que, apesar de longe de valores ideais, as taxas de recolha destes resíduos têm vindo a aumentar ao longo dos anos, sobretudo devido às várias campanhas de informação e sensibilização que a VALORMED tem promovido, maioritariamente junto de escolas, para a sensibilização da camada mais jovem, ou em eventos como o Greenfest, com a participação ativa das farmácias parceiras. Com efeito, o crescimento deste projeto representa uma solução sustentável à gestão de resíduos, englobando todas as caraterísticas de responsabilidade social corporativa. Citando Luís Figueiredo, “A VALORMED tem uma receita para tratar o ambiente”, pelo que é agora da responsabilidade de todos aderir a esta iniciativa.

 

 

 

Carolina Gomes, Duarte Belo, Joana Pedro