As Maravilhas do Património Cultural da Água

Parece muito difícil de acreditar mas a água é algo mais precioso do que todos pensamos que seja. Na verdade, esta pode ser considerada Património Cultural, pelas suas redes e instalações que foram criadas com o objetivo de transportar água até as pessoas. O Parque das Águas, situado na vertente norte da margem do Douro, no concelho do Porto, é um exemplo de um espaço aberto que apresenta diversas redes e instalações, tais como fontes, chafarizes e tanques antigos que foram renovadas e colocadas em espaços novos. Através destes, podemos conhecer a sua história e poder entender o verdadeiro património cultural da água.

No dia 10 de outubro de 2022, Débora Silva realizou uma pequena apresentação em algumas turmas da Escola Profissional de Campanhã, sobre o impacto que o património cultural da água tem nas nossas vidas. Esta começou por dar uma breve definição do que é o Património e no qual este é dividido: Material, Natural e Imaterial.

Em seguida, abordou sobre o património cultural da água no pré-industrial (Fonte, chafarizes, Arcos de água, Tanques de distribuição e Aquedutos) e no pós-industrial (Centrais, Reservatórios), dando alguns exemplos tanto na cidade do Porto como em outras regiões de Portugal. Por exemplo, a Fonte dos Leões, que era um tanque feito de mármore e de ferro fundido e algumas máquinas a vapor do século XIX, localizadas nas centrais de Lisboa e que tinham como objetivo captar água e levá-la até às casas. Debora Silva também abordou os contextos sobre o património cultural da água, no qual se destaca: o religioso, mercados, feiras e casas de nobres. No religioso encontram-se chafarizes e fontes localizadas em mosteiros e que tinham como objetivo usar essa água para a alimentação, banhos, jardinagem, entre outras utilidades, mas tinham uma grande importância principalmente para realizarem os seus rituais, como o lava-pés.

Nos mercados e feiras podia-se encontrar diversos chafarizes e arcas de água. Estas arcas tinham uma grande função, pois tinham gradeamento, e assim, a água que era usada tanto para os alimentos como para as pessoas era protegida, mantendo a sua qualidade. E por último as casas dos nobres, no qual ainda pode-se encontrar alguns chafarizes que eram utilizados para abastecimento de água em casa. Após isto, Débora realçou ainda algumas características importantes no património cultural da água, tais como: “As Transladações”, o nome das Rua e Praças situadas no Parque das Águas e por fim o reaproveitamento de materiais de fontes no Palácio de Cristal. Seguidamente, esta abordou sobre o Património cultural imaterial da água, dos Aguadeiros, que transportavam a água até às pessoas, os lavadeiros, pessoas que lavavam as roupas nos tanques, e os Mitos e Crenças, que temos como exemplo algumas capelas e fontes, no qual foram criadas a partir de milagres, tal como Capela da Senhora da Fonte e a Fonte da Águas Férreas.

Por último, Débora referiu alguns exemplos de património cultural da água da Unesco e realçou principalmente o Aqueduto das Águas Livres, o Museu da Água de Lisboa, o Reservatório da Patriarcal, o Reservatório das Águas Amoreiras, a Estação a Vapor dos Barbadinhos, a Galeria do Loreto, o Museu da Água de Coimbra e de Braga.

Na semana seguinte, os alunos do 11º ano da Escola Profissional de Campanhã visitaram o parque das Águas, no qual Débora Silva serviu de guia para mostrar as diversas estruturas que lá se apresentavam.

Inicialmente, mostrou a Central de Nova Sintra, onde se pode ver um pouco das máquinas que eram utilizadas antigamente. Para além disso, ela evidenciou o Brasão que pertencia à fonte de São Domingos e que até hoje se encontra renovada na entrada do parque. Em sequência, passou para a fonte da autora Irene Vilar que tem como intenção dar uma ideia de universo. Prosseguindo para o centro do parque, os alunos passaram pela Torre Servia que outrora servira de reservatório de água, havendo passado, posteriormente, por vários chafarizes e diversas fontes, havendo alguns, que ainda nos dias de hoje preservam o latim na sua estrutura, assim como também possuem jardins que conservam a ideia do século XIX, bebedouros de ferro fundido, vindos de Lisboa e duas Arcas de Água, uma sendo a arca do anjo que era um ponto de recessão e receção de água derivada de dois mananciais e a outra Arca é revestida de azulejos.

No final da visita foram visitadas a fonte da Arrábida e a fonte do Seixal, que apresentava um estilo mais antigo, na qual não tinha bica e era necessário ir buscar água com um balde. Todas estas fontes, arcas, chafarizes e bebedouros têm uma história muito importante para o património cultural da água e podem ser visitados no parque da Águas no qual se encontram preservadas e renovadas.

Com a apresentação e a visita ao parque, os alunos da escola Profissional de Campanhã, no Porto, compreenderam o valor que a água tem nas nossas vidas e o quanto é importante preservá-la.

Inês Amaral, Nuno Ferreira