As Ilhas Lixo do Pacífico

É velho o ditado, mas não por isso perde a veracidade: “O que não acaba no lixo acaba no mar”. E neste já se encontra acumulado toneladas infindáveis de lixo. Estima-se que por metro quadrado existam 671 peças de lixo, na sua maioria plásticos.

Basta imaginar uma simples beata de cigarro que, não sendo direcionada para um contentor acaba numa estrada comum, a chegada da chuva encarregar-se-á de transportar esse objeto para a sargeta mais próxima, sargeta esta enviará as águas para o rio que pelo ciclo natural desaguará no mar. E porque o exemplo concreto torna todo a ato de poluir mais real, repugnante e revoltante, falo em específico das já conhecidas como “Ilhas lixo” do Pacifico. Não se trata de uma ilha com meia dúzia de garrafas perdidas num qualquer acidente de percurso, tratam-se de várias ilhas com amontoados de plástico. Estudos mostram números preocupantes, a área de plástico depositado por correntes e marés supera a área total da França, mais de 643 801Km2.

Estima-se que por metro quadrado existam 671 peças de lixo, na sua maioria plásticos, dos quais se destacam lâminas de barbear, escovas de dentes ou sacos plásticos de supermercado.

Os animais marinhos estão em risco, o simples facto de não distinguirem sacos de plástico da própria água, pode custar-lhes a vida. Ou por outro lado, as pequenas partículas de plástico que durante aproximadamente cinco anos percorrem largas milhas náuticas, podem ser ingeridas por peixes ou mesmo aves. A cada ano morre um milhão de aves marinhas devido á ingestão de plástico. Para além das gaivotas, também os albatrozes, surgem como animais rasteiros de grandes dimensões. Também estes sofrem não só pela ingestão de plásticos, mas também por alimentarem as suas crias com estes mesmos plásticos, pensando que se trata de alimento de verdade. Fotografias reportadas mostram aves mortas cobertas de plásticos no lugar de órgãos.

Toda a iniquidade referida deve ser combatida, e tudo começa na mentalidade de cada um, pensar que tudo ficará limpo após a projeção de novos tratados ambientais será um passo para o insucesso. Pois é nos pequenos gestos diários que a mudança se pode fazer sentir, é no reduzir, no reciclar e no reutilizar que o mundo, para nós, sorri e fica mais verde. Hoje são os nossos pais que nos deixam como herança este animado mundo, no futuro seremos nós a deixar o testemunho aos nossos filhos e netos. Não penses que és mais um, a tua energia cria energia.

 

Miguel Teotónio