“Arte” Xávega Costa da Caparica

Considerada por muitos, senão por todos os pescadores, como o tipo de pesca mais antigo de Portugal, a Arte Xávega, também denominada de “pesca de arrasto” é uma pesca tradicional da Costa da Caparica, uma freguesia do concelho de Almada. A sua produção destina-se à venda do produto no próprio lugar, logo após a captura, aproveitando para provar toda a sua frescura. Porém este tipo de pesca é muito criticado, devido ao elevado número de peixe apanhado num curto espaço de tempo e tão perto de terra.

A Arte Xávega é um tipo de pesca muito singular. Consiste no lançamento de uma rede, de forma cónica a que os pescadores chamam de xalavar, deixada a cerca de 70 metros, medidos a olho, para depois ser arrastada para terra firme. Atualmente a rede é puxada através da força motora de 1 ou 2 tratores, enquanto antigamente esse arrasto era feito através da força de braços dos pescadores e dos transeuntes que frequentavam a praia.

Motivo de orgulho para os que a praticam, esta pesca é uma grande fonte de rendimento alimentar e económico nos meses de verão. “Graças a isto conseguimos sobrevir aos meses mais complicados que surgem todos os anos. Tempos esses em que não equacionamos sequer pôr o barco no mar.” Refere Lídio, um dos pescadores mais antigos da Costa da Caparica.

Esta pesca tradicional, não é vista com bons olhos por uma pequena parte da população, considerando-a: “um autêntico exagero, porque é feito em quantidades enormes e várias vezes num curto espaço de tempo” afirmou André Silva, morador da Costa da Caparica desde sempre, dizendo ainda que compreende a situação dos pescadores, mas alertando para a sobreexploração insustentável, “…percebo que seja o “ganha-pão” de muitos, mas as quantidades podem reduzir de ano para ano, pois o peixe não é infinito”.

Contudo, a pesca de arrasto continua a merecer destaque, tendo entrado no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, após proposta feita pelo município de Almada e aceite pela Diretora-Geral do Património Cultural Paula

Silva a 16/02/17.

Pedro Lázaro