Amianto: passar do saber à acção!

Dos mais novos aos mais velhos, todos temos uma opinião sobre os efeitos nefastos do amianto. Mas, se queremos agir e salvar vidas é importante termos opiniões informadas e rigorosas, apoiadas pela Ciência e pela Lei.

Em Portugal, foi proibida a utilização e comercialização de amianto e/ou produtos que o contenham a partir de 1 de janeiro de 2005 (Decreto-Lei nº 101/2005, de 23 de junho). Após inúmeras acções de protesto contra a presença de amianto em diversos edifícios e equipamentos urbanos, em setembro de 2016, João Matos Fernandes (então ministro do Ambiente) comprometeu-se a retirar todo o amianto dos edifícios públicos com a maior brevidade possível. Contudo, já estamos no virar da década e quase todas as escolas, e muitos outros edifícios, continuam a ter amianto nas suas estruturas.

Mas, o que sabemos nós sobre os efeitos do amianto para a saúde pública? Para investigar o grau de informação sobre este tema entre a comunidade escolar, os JRA aproveitaram uma manifestação que decorreu à porta da escola para aplicarem um questionário a todos os presentes: alunos, professores, assistentes operacionais, familiares, amigos e outros. Nesta investigação participaram um total de 52 indivíduos, que foram divididos em duas classes: jovens (28) e adultos (24). O questionário é composto por questões de escolha múltipla, com 3 opções de respostas. As questões colocadas foram as seguintes:

Questão 1 – Como é que o amianto entra no nosso corpo?

Questão 2 – O amianto pode provocar que tipo de doenças?

Questão 3 – Nos edifícios à nossa volta, onde se pode encontrar o amianto?

Cada uma destas questões tem, respetivamente, as seguintes respostas corretas:

Resposta 1 – O amianto entra no corpo, principalmente, através da respiração.

Resposta 2 – Uma das doenças que surgem, mais frequentemente, como consequência da inalação de amianto é o cancro do pulmão.

Resposta 3 – À nossa volta, o amianto pode encontrar-se nos revestimentos dos telhados.

Foram analisados os questionários e foram identificadas as respostas corretas e incorretas. O tratamento estatístico dos dados obtidos (ver gráficos 1,2 e 3) permitiu verificar que a maioria dos inquiridos tinha um bom conhecimento desta temática, destacando-se que os adultos se mostraram sempre mais informados do que os jovens. É de notar, contudo, que existe uma percentagem de indivíduos que desconhecem quais são as estruturas dos edifícios que contêm amianto.

Gráficos 1, 2 e 3 – Percentagens de respostas corretas às respetivas questões, dadas por jovens e por adultos.

De acordo com a Direção Geral da Saúde (DGS), as diferentes variedades de amianto são agentes cancerígenos, devendo a exposição a qualquer tipo de fibra de amianto ser reduzida ao mínimo. As doenças associadas ao amianto são, em regra, resultantes da exposição profissional, em que houve inalação das fibras respiráveis. Estas fibras microscópicas podem depositar-se nos pulmões e aí permanecer por muitos anos, podendo vir a provocar doenças, vários anos ou décadas mais tarde.

Preenchimento do questionário

A gravidade das doenças que decorrem da exposição ao amianto deve motivar todos os cidadãos a exigir a respetiva remoção dos edifícios e equipamentos urbanos. Porém, e de acordo com a DGS, a remoção, acondicionamento e eliminação dos resíduos que contêm amianto devem ser alvo de procedimentos adequados face à avaliação de risco, pois poderão constituir fontes de exposição ocupacional e ambiental, caso não sejam observadas as medidas regulamentares adequadas. Assim, durante os processos de eliminação de materiais contendo amianto deve ser acautelada a proteção sanitária dos trabalhadores contra os riscos de exposição durante o trabalho. Os trabalhos de remoção devem ser acompanhados de recolhas sistemáticas de amostras de ar para avaliação da contaminação do ar por fibras respiráveis. No final dos trabalhos deverá ser efetuada nova avaliação para garantir a conformidade com o valor de concentração de 0,01fibra/cm3 preconizado pela Organização Mundial de Saúde como indicador de área limpa.

Assim, torna-se desejável continuar a alertar a comunidade escolar para e existência deste agente patogénico ambiental, sensibilizando todos para a necessidade de erradicar, em segurança, os materiais que contêm amianto de todos os edifícios, contribuindo isso para promover o bem-estar para todos.

Fontes:

https://www.publico.pt/2016/06/08/politica/noticia/governo-da-prioridade-a-retirar-amianto-das-escolas-1734465 (consultado a 9/4/2020)

https://www.dgs.pt/saude-publica1/amianto.aspx (consultado a 20/10/2019)

Aida Silva, Bárbara Pereira, Beatriz Costa, Inês Vilela, Lara Chamusca, Maria Luísa Santos