Águas do Pavia (ainda) levam água ao moinho

Viseu, a tão aclamada “Cidade Jardim”, continua a preocupar-nos relativamente aos resíduos no Rio Pavia. Constatando que, infelizmente, ainda assistimos a alguma poluição no rio que atravessa a nossa cidade, resolvemos verificar de que modo os habitantes, especialmente o Sr. Firmino Toipa se sente afetado pela situação.

Águas do Pavia (ainda) levam água ao moinho

Viseu, a tão aclamada “Cidade Jardim”, continua a preocupar-nos relativamente aos resíduos no Rio Pavia. Constatando que, infelizmente, ainda assistimos a alguma poluição no rio que atravessa a nossa cidade, resolvemos verificar de que modo os habitantes, especialmente o Sr. Firmino Toipa se sente afetado pela situação.

 

Poluição hídrica

A água é um dos principais responsáveis pela vida no nosso planeta. À medida que degradamos a qualidade natural deste recurso, colocamos também em risco a existência humana na terra. Grande parte dos reservatórios hídricos superficiais, já foram alterados pela atividade humana. Até a qualidade da água dos reservatórios subterrâneos, está comprometida.

Boa parte desses problemas têm sido desencadeados pela má gestão dos resíduos urbanos, quando não há uma preocupação com o seu tratamento. É, assim, urgente o tratamento das águas de abastecimento público.

Os principais causadores da poluição hídrica são os efluentes industriais, agrícolas e o esgoto doméstico. As consequências deste tipo de poluição são gravíssimas e afetam a saúde da população.

Os resíduos acumulam-se nas margens e no fundo dos rios. Quando chove dificultam ou impedem o curso das águas provocando inundações e tragédias, podendo também ser ingeridos por animais.

Quando chegam ao mar, os resíduos são levados a todo o planeta, interferindo negativamente na vida marinha. Isso também faz com que se acumulem nas diferentes superfícies, como corais, gelo, ilhas ou no fundo dos oceanos. Os animais marinhos podem ser seriamente atingidos pelos resíduos e contaminados por substâncias tóxicas decorrentes.

 

Problema – Rio Pavia, Viseu

 

Antes de termos investigado e pesquisado sobre este assunto deparámo-nos com muitos resíduos no rio Pavia e decidimos fazer um inquérito à população. Através desse inquérito conseguimos perceber que a maior parte dos habitantes da cidade de Viseu, se preocupa com as questões ambientais, mas que poucas pessoas fazem a separação de resíduos. Muitos responderam que o motivo de não o fazerem é por o ecoponto ficar longe de casa.

A partir dos inquéritos ficámos também a saber que a maioria das pessoas considera a limpeza urbana da sua cidade “boa”. Quanto aos impactos que esses resíduos poderiam causar, 50% respondeu poluição dos solos; 39% poluição atmosférica e os outros 11% propagação de doenças e poluição dos rios.

 

Uma das consequências dos resíduos no rio Pavia

Com estas informações, nomeadamente a poluição do rio, resolvemos entrevistar, O Sr. Firmino Toipa, habitante de Vildemoinhos, Viseu, um cidadão que se sente afetado com a situação dos resíduos no rio Pavia.

O Sr. Firmino Toipa tem 72 anos é aposentado e dedica-se desde 1998 ao seu moinho. Afirma que mantém o moinho não só para homenagear os moleiros e as padeiras de Vildemoinhos, mas também para transmitir às novas gerações a genuína tradição do moinho sensibilizando alunos e professores, em visitas escolares, para o meio ambiente. Tem como mote “Água é fonte de vida, não se deve deitar lixo para o rio, nem se deve desperdiçar água.”

Nessas visitas, realizadas por jardins de infância, escolas primárias, secundárias, politécnicos, ensino superior e até Universidade Sénior, o senhor Firmino demonstra como funciona o seu moinho e como antigamente era a arte da elaboração da broa trambela: desde a moagem do milho, passando pela confeção e, finalmente, pela cozedura da broa.

No entanto, o moinho só funciona com a força da água, e há momentos em que os resíduos na água, não deixam o deixam funcionar. Assim, o Sr. Firmino sensibiliza as pessoas para se preocuparem com a separação e a reciclagem já que, muitas vezes tem de retirar do rio garrafas de plástico, embalagens de iogurte, garrafões de lixívia, panos, e outros objetos.

Felizmente afirma que, hoje em dia, já não existe tanta poluição no rio como antigamente: “há alguns anos atrás, esta zona era como uma fossa, as pessoas deitavam tudo para o rio… havia pessoas que depois de cozinharem pegavam no saco do lixo e atiravam-no para o rio.” Comenta também que muitos proprietários de quintas à beira rio, aquando da poda das árvores, atiram ramos para o rio, dificultando o seu trabalho no moinho. Considera que deveria haver fiscalização por parte das entidades oficiais… antigamente havia os guarda-rios que passavam à beira rio e quando viam determinadas anomalias nas quintas, chamavam à atenção os seus proprietários. No entanto, termina dizendo “Atualmente a Câmara tem vindo a fazer um bom trabalho a nível de despoluição do rio Pavia, mas ainda há muito para fazer”.

Se, de algum modo, a estrutura municipal tem desempenhado um papel importante para ultrapassar o problema dos resíduos no Rio Pavia, consideramos que ainda há algo mais a fazer, no que diz respeito, principalmente, ao desenvolvimento de uma consciência ambiental em alguns cidadãos de Viseu.

Beatriz Martins, Mónica Gouveia, Melânia Pinto