A Mancha de Cor que marca o Rock in Rio

No Rock in Rio 2018 as purpurinas marcam a tendência dos oito aos oitenta, criando “a mancha de cor que define a cidade do rock”, como fez questão de referir Katarina Maia, colaboradora no stand da marca Doritos.

As purpurinas enchem de brilho a cidade do rock, sendo cada vez mais procuradas tanto por homens como por mulheres, de todas as idades, que pretendem viver o espírito festivaleiro da melhor maneira. No entanto, este é um tema que tem vindo a ser debatido pelas consequências que o uso destes brilhantes multicolores acarreta para o ambiente, ainda que sejam muitos aqueles que não se encontram informados acerca das mesmas.

Neste contexto, importa destacar que já existem purpurinas com garantia de biodegradabilidade. No entanto são, sobretudo, utilizadas em grande massa aquelas que pela sua composição por microplásticos simbolizam uma ameaça para a vida marinha. Neste festival, que apela à sustentabilidade, a mancha de cor que assumida na edição de 2018 é responsável pelo crescimento desmedido da “mancha plástica” dos oceanos, visto que polietileno tereftalato e alumínio são os constituintes maioritários das purpurinas. Estes componentes, sendo partículas com dimensões inferiores a cinco milímetros comprometem a eficácia das estações de tratamento de águas residuais, que ainda não se encontram adaptadas por não disporem dos filtros adequados para o tratamento de tais resíduos que acabam, inevitavelmente, nos oceanos (The Uniplanet, dezembro de 2017). De acordo com a mesma fonte, cientistas e biólogos marinhos “têm documentado a ingestão de plásticos por parte de corais, plâncton, peixes, marisco, cetáceos e aves marinhas”, o que tem impactos fatais para estes seres vivos e, consequentemente, para o Homem, uma vez que os mesmos são parte integrante da cadeia alimentar. Ao nível da saúde humana, ainda segundo o “The Uniplanet”, este tipo de substância química tem provocado disrupções hormonais, uma vez que interferem com as hormonas endógenas, funcionando como hormonas exógenas que provocam alterações no equilíbrio homeostático. Neste seguimento, são, também, atribuídas culpas a estas substâncias no que toca ao aparecimento de cancros e de doenças neurológicas.

Sendo a problemática ambiental um dos temas de ordem do século XXI, importa destacar a existência de purpurinas biodegradáveis, cujo constituinte maioritário é o cartão o que as torna uma solução decorativa menos ameaçadora e mais amiga do ambiente.

De modo a entender de que forma os festivaleiros e os colaboradores de stands de algumas das marcas representadas, tais como Make up Forever, Sephora e EDP, se encontram consciencializados para a problemática dos microplásticos foram entrevistados acerca da tendência das purpurinas.

No âmbito das entrevistas realizadas percebeu-se que, aquando da colocação das purpurinas ou maquilhagens néon, não existe, por parte dos maquilhadores, preocupação em elucidar e sensibilizar os utilizadores para as possíveis consequências ambientais e ao nível da saúde humana. As pessoas que se encontravam pintadas por todo o recinto referiram que usavam as pinturas por ser uma tendência, para se sentirem enquadradas no espírito festivaleiro. Assim, eram uma minoria aqueles que tinham em conta questões como os materiais de composição das purpurinas ou a forma como estas interferem com o ambiente, daí que importe destacar a intervenção de Isa, uma da colaboradoras da carris que afirmou ter purpurinas biodegradáveis para uso próprio, mas que no recinto não existiam deste tipo.

Por outro lado, em conversa com uma das colaboradoras do stand da EDP, Filipa Pesca de 30 anos, verificou-se a preocupação, por parte dos profissionais, em escolher um tipo de material cujas consequências ambientais não sejam tão significativas. Assim, no stand da EDP optou-se, preferencialmente, por purpurinas de cartão que se desfazem na água. Neste caso, os brilhantes compostos por microplásticos apenas eram utilizados em ultimo recurso, caso não existissem as cores ou dimensões pretendidas. Ainda no decorrer da conversa, a entrevistada referiu que aplicava as purpurinas com gel de aloé vera, um produto natural, menos prejudicial para o ambiente quando comparado com as colas de pele, que neste stand apenas eram utilizadas para aplicar as pedrinhas de strass.

Destaca-se, assim, a importância para a necessidade de sensibilizar as pessoas no geral para as consequências do uso de produtos não biodegradáveis, uma vez que estas se revelam recetivas a receber a informação quanto a estes temas e mostrando-lhes que existe uma alternativa amiga do ambiente.

Grupo 6

 

Mariana Branco, Rafael Dias , Leonor Mendes , André Filipe, (Grupo 6)