A desflorestação em Vila Nova de Sande: uma realidade

A procura dos produtos florestais, interesses económicos e humanos, com poucas preocupações pela natureza, têm conduzido ao desaparecimento gradual do manto verde existente na freguesia de Vila Nova de Sande, integrante do concelho de Guimarães. Na verdade, na última década, tal como relatam alguns habitantes desta freguesia, tem desaparecido uma grande parte da fauna e flora que aí existia, havendo uma perda real da sua biodiversidade, nomeadamente a redução dos javalis, dos coelhos bravos e de tantas outras espécies animais e vegetais.

Um dos locais onde outrora apenas se avistava natureza transformou-se num parque industrial, ou seja, o ar puro deu lugar à poluição; belas sombras deram lugar a um ambiente descampado onde já não é possível avistar qualquer tipo de diversidade animal e vegetal. Por outro lado, há outras zonas desta localidade onde se observa que as áreas desflorestadas estão a transformar-se em áreas habitacionais, há aquelas em que a madeira das árvores serve para a exploração económica e há, ainda, a destruição de áreas florestais, agora destinadas à agricultura.

Sabe-se que a destruição das florestas conduz à “diminuição da produção de oxigénio, à diminuição da evapotranspiração e à diminuição da captação de dióxido de carbono da atmosfera”, o que interfere diretamente com os ciclos do oxigénio, da água e do carbono. Isto afeta o ecossistema e prejudica todos os seres vivos, incluindo o ser humano.

O abate de árvores e outras plantas, para criação de áreas para novas construções, agricultura e pecuária, prejudica a biodiversidade, a qualidade do solo e da água dos ecossistemas. Na verdade, e segundo o que foi possível apurar junto de alguns proprietários, não há muitas preocupações ambientais, mas antes preocupações económicas/ pessoais. Neste contexto, urge sensibilizar toda a sociedade para a importância da conservação dos ecossistemas aderindo à prática do desenvolvimento sustentável.

A Organização das Nações Unidas (ONU) desenhou um conjunto de objetivos de desenvolvimento sustentável que a humanidade deve alcançar até 2030, dois dos quais se enquadram nesta temática: “produção e consumo sustentáveis (garantir que as matérias-primas recolhidas dos ecossistemas para elaboração dos produtos que consumimos não danifiquem esses ecossistemas); proteger a vida terrestre (proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, (…) travar a desflorestação e a perda da biodiversidade”.

Assim, é fundamental o uso de medidas que possibilite extrair e usar os recursos dos ecossistemas, com benefícios sociais e económicos, sem prejudicar o equilíbrio dos mesmos. Uma gestão florestal sustentável visa a exploração e a utilização da madeira e a manutenção da floresta, ou seja, podem-se cortar algumas árvores, mas deixar que outras atinjam a maturidade. Os ramos e as folhas das árvores devem manter-se no solo para aumentar a matéria orgânica e a humidade deste.

Infelizmente, a conservação dos ecossistemas que pressupõe a aplicação de medidas para a sua proteção ou recuperação até ao seu estado original ou quase original, já não é possível em muitas das situações mencionadas e observadas nesta localidade. Uma freguesia com ecossistemas com comunidades bióticas maduras que se mantiveram estáveis ao longo de tantos anos, tem-se transformado num ecossistema em desequilíbrio por uma causa antrópica- a desflorestação.