Queremos um rio Caima Vivo!

Este ano letivo debruçámo-nos sobre um problema ambiental na nossa zona de residência. O Rio Caima tem sido ao longo do tempo alvo de descargas da Estação Tratamento de Águas Residuais de Ossela, as quais provocam um odor e aspeto terrível ao rio.

Por isso, com a colaboração da nossa colega Sara, procurámos encontrar uma forma de determinar a qualidade das suas águas, desenvolvendo um protocolo que se baseia na determinação da qualidade das águas tendo em conta o grau de decomposição de folhas de carvalho através de microrganismos. Este protocolo que foi também elaborado com a colaboração da Drª Cristina Canhoto, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, tem também como objetivo o auxílio dos professores do secundário na abordagem da decomposição.

Da criação do protocolo à sua aplicação, decorreram vários passos, desde ida à Universidade de Coimbra falar com as investigadoras que trabalham no departamento de ecologia, como também as visitas aos locais para recolher água e folhas a usar na prática experimental.

No final, pelos resultados obtidos, assim como pelas limitações associadas à execução do protocolo e problemas surgidos durante a sua execução, entendemos não poder retirar conclusões acerca da ação direta dos fungos na decomposição das folhas e, em especial, da influência da qualidade das águas sobre a sua ação, o que não nos permitiu apoiar a hipótese colocada inicialmente.

Sem poder responder afirmativamente à questão problema que desencadeou a nossa atividade experimental, não pudemos, portanto, confirmar se a poluição do Caima provem somente da ETAR, embora haja algumas evidências que realmente isso se verifica: para nós é claro o forte impacto visual negativo sobre as águas do Caima por efeito das águas libertadas pela ETAR, em especial quando o seu caudal é bastante reduzido, como acontece durante a época de verão.

Há uma lei importante sobre a regulação da qualidade da água (Decreto-Lei n. o236/98), que estabelece normas, critérios e objetivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos, definindo os requisitos a observar na utilização das águas, como as normas de descarga das águas residuais na água e no solo.

Não nos foi também possível comprovar se as águas residuais cumprem os parâmetros exigidos, mas perante as nossas dúvidas, e face ao forte impacto deste problema, denunciamos ao Ministério do Ambiente e à GNR, assim como à QUERCUS, enviando os links de 2 curtos vídeos que realizamos na zona.

Consideramos este projeto relevante a nível pedagógico, pois constata-se que há dificuldade em obter protocolos experimentais para aplicação no ensino capazes de avaliar a qualidade das águas.

Este projeto, por envolver várias áreas da ciência (nomeadamente as ciências do ambiente), permitirá aos alunos que utilizarem este protocolo desenvolver competências técnicas das disciplinas, colocando em prática a teoria que aprendem nas aulas, nomeadamente a decomposição de matéria orgânica através de microrganismos.

Apesar de tudo o projeto foi selecionada para ser apresentado a concurso na 11º Mostra Nacional de Ciências (que decorreu dia 1,2,3 de junho no Centro de Congresso da Alfândega) e ainda para o 35th young science meeting que se irá realizar no Porto de 21 a 30 de junho.

Finalmente, o projeto que começámos no 10º ano, terá novos desenvolvimentos e investigações já no próximo ano letivo.

 

Mariana Santos e Raquel Martins