Aterros Sanitários – Porque Precisamos Deles

O aumento da população mundial tem levado ao aumento do consumo, da produção de bens e, consequentemente, ao aumento da produção de lixo. Nem todos os países seguem práticas sustentáveis de tratamento e gestão dos resíduos e as soluções apresentadas nem sempre são aceites pelas populações. Há, no entanto, a certeza e convicção de que o lixo é um problema muito grave, seja pela quantidade gerada seja pela sua tipologia, já que pode afetar seriamente a saúde pública e gerar danos para o planeta, alguns irreversíveis. Os aterros sanitários, mesmo não sendo a melhor solução para a gestão dos lixos, têm contribuído de forma importante para a redução do impacte ambiental da excessiva produção de resíduos num país já sem lixeiras a céu aberto, mas onde cada habitante produz em média cerca de 500 kg de lixo por ano. O nosso.

O aumento da população mundial tem levado ao aumento do consumo, da produção de bens e, consequentemente, ao aumento da produção de lixo. Nem todos os países seguem práticas sustentáveis de tratamento e gestão dos resíduos e as soluções apresentadas nem sempre são aceites pelas populações. Há, no entanto, a certeza e convicção de que o lixo é um problema muito grave, seja pela quantidade gerada seja pela sua tipologia, já que pode afetar seriamente a saúde pública e gerar danos para o planeta, alguns irreversíveis. Os aterros sanitários, mesmo não sendo a melhor solução para a gestão dos lixos, têm contribuído de forma importante para a redução do impacte ambiental da excessiva produção de resíduos num país já sem lixeiras a céu aberto, mas onde cada habitante produz em média cerca de 500 kg de lixo por ano. O nosso.

O lixo que se encontra nas lixeiras produz bactérias e fungos e ainda leva atrai ratos, moscas, baratas e outros animais o que prejudica bastante quer o ser humano, uma vez que esses animais são agentes transmissores de doenças altamente perigosas como a leptospirose ou o tétano, quer o ambiente, já que, para além da poluição visual, os resíduos e os produtos resultantes da sua decomposição infiltram-se no solo e contaminam os lençóis freáticos. O lixo produz ainda gases que prejudicam a saúde dos seres vivos, originando problemas respiratórios.

Com o aumento da população, a quantidade crescente de resíduos gerados nas nossas casas e no tecido produtivo das sociedades, não permite que os ecossistemas os reciclem naturalmente à escala da vida humana, o que obriga ao seu tratamento e a uma gestão eficiente e sustentável. Ao mesmo tempo, as sociedades ocidentais, que vivem há muitos anos uma vertigem consumista – assim mandam os mercados e o emprego – não conseguem governar de forma eficaz a quantidade assustadora de resíduos que produzem. E a quantidade é tão grande quanto o problema que cria para alguns países, principalmente para aqueles que têm regras apertadas e controlos eficazes quanto à gestão de resíduos. O problema é especialmente grave quando se fala de lixos industriais.

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A solução parece fácil: vender o lixo a outros. Com efeito, há cada vez mais países envolvidos neste negócio – o negócio do lixo – e nem o nosso país escapa, como aconteceu no ano passado com a chegada de 2.500 toneladas (das 20.000 previstas) de lixo italiano. Mas, se entre nós, esta, será uma situação excecional e devidamente acompanhada pelas autoridades, há países onde o controlo é praticamente inexistente ou, pelo menos, muito frágil. São os casos da Albânia, já apelidada de sucata da Europa, da Somália e do Gana, campeões africanos da importação de lixo eletrónico, mas também do Brasil, da China, entre muitos outros. Mas isto não é mais do que, ao fim e ao cabo, mudar o problema de sítio, sendo que o planeta é o mesmo. Assim, se os importadores de lixo não tiveram condições técnicas para o processar sem prejuízo do ambiente, então pode-se dizer que se está apenas a varrer o lixo para debaixo do tapete. E esta é também uma responsabilidade dos países que o produzem.

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Quanto aos lixos urbanos a situação também não é famosa. E Portugal não é exceção. Segundo dados de 2016 da Agência Portuguesa do Ambiente, há no nosso país 52 aterros sanitários, sendo 34 deles (isto é, dois terços) dedicados ao tratamento de resíduos não perigosos de origem urbana – resíduos sólidos urbanos (RSU). Os portugueses produzem perto de cinco milhões de toneladas de resíduos urbanos por ano, o que corresponde a uma taxa anual de aproximadamente 500 kg de resíduos por habitante. Dito por outras palavras, cada português produz em média meia tonelada de lixo por ano, sendo que o destino principal destes resíduos são os aterros sanitários, cabendo-lhes 54% dos resíduos encaminhados em Portugal. Estes números atestam bem a importância dos aterros sanitários no nosso país.

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Em Portugal, as lixeiras a céu aberto passaram a ser proibidas na década de 90, ao contrário do que ainda se passa noutros países em desenvolvimento. Até essa altura, pouco se reutilizava ou reciclava a não ser o vidro. Desde aí, nem todas as alternativas às lixeiras têm sido aceites pacificamente pelas populações, como é o caso dos aterros sanitários.  Na verdade, os aterros sanitários têm originado muitos protestos em todos os locais propostos para a sua implementação, já que ninguém os quer ter à sua porta. Mas então, o que fazer com os lixos? Haverá razões para os aterros sanitários serem vistos de forma tão odiosa?

 

A falta de informação veiculada relativamente às regras de construção e manutenção de um aterro sanitário tem inflamado muita gente que, frequentemente, mostra ignorar os cuidados que essas estruturas são obrigadas a tomar com a triagem dos lixos, a impermeabilização dos solos, com a aplicação de sistemas de drenagem eficientes e com o tratamento das águas lixiviantes em estações próprias.

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Naturalmente, a implantação de um aterro sanitário, requer uma grande área de terreno e um enquadramento paisagístico correto, obriga a um controlo rigoroso dos resíduos a depositar, tem uma vida útil limitada (no máximo 25 anos, de acordo com os especialistas mais otimistas) e tem custos elevados de construção, requisitos que colaboram na argumentação dos que a eles se opõem. Mas os benefícios parecem suplantar claramente os encargos: os aterros sanitários permitem uma deposição correta dos resíduos sólidos urbanos, detêm uma grande capacidade de receção de resíduos, reduzem de riscos de poluição ambiental, evitam a transmissão de doenças, mantêm as águas protegidas, assim como o solo e o ar, reduzem os riscos de incêndio e protegem a qualidade de vida das gerações futuras. E depois, passado o tempo de vida útil de um aterro é sempre possível requalificar o terreno em termos paisagísticos.

Trata-se uma solução perfeita? Claro que não! Mas os aterros sanitários, juntamente com a incineração (queima de lixos em incineradoras) e a coincineração (queima em fornos industriais), são os dois maiores recursos de que dispomos para combater a produção massiva e imparável de resíduos, enquanto os hábitos de consumo das populações não se modificam de forma drástica e uma outra consciência ambiental não toma conta das sociedades.

Os aterros sanitários não resolvem o problema dos lixos, mas vieram, efetivamente, ajudar resolver o problema das lixeiras. Não é uma solução total, mas enquanto sistema controlado, é uma opção mais adequada à minimização do impacto ambiental dos resíduos e à defesa da saúde pública.

Bom, mesmo, seria reduzir a produção de resíduos, consumindo menos, não adquirindo o que não precisamos o aumentando a vida útil de parte do que consumimos através da reciclagem e da reutilização. Não dá assim tanto trabalho e as vantagens são muitas e a favor de todos. É uma questão de atitude, é uma questão de cidadania.