As consequências do lixo marinho podem ser irreversíveis

A poluição é uma das maiores catástrofes que existem. Não é um problema só dos nossos dias, mas sim um problema que vem crescendo ao longo dos anos e agravando-se cada vez mais.

Em 1997, Charles J. Moore descobriu a primeira ilha de lixo no giro oceânico do Pacífico Norte. Por mais que procurasse não conseguiu encontrar um único espaço que não estivesse coberto de lixo. Os giros, grandes sistemas de correntes rotativas, aprisionam os detritos marinhos em grandes aglomerados e em 1999 foi provado que o lixo aí preso supera a quantidade de plâncton que alimenta a vida oceânica. Em 2017, essas ilhas de lixo continuam a crescer.

Quanto tempo acredita que o lixo demora a deteriorar-se? Um ano? Dois anos?

De facto, depende dos detritos. Papel demora de três a seis meses. É preocupante, mas algo que é, de certa forma, fácil de resolver. No entanto, se pensarmos numa garrafa de água ou num saco de plástico 100 anos seria a resposta. Uma pequena tampa de garrafa a que não se dá qualquer importância, às vezes, 150 anos. É fácil pensar que uma pequena tampa de plástico não faz qualquer mal por mais tempo que vagueie pelos oceanos, mas faz.

Qual é o objetivo do documentário? Mostrar o poder da “insignificante” tampa de plástico e não só.

Midway é uma ilha no oceano pacífico que chocou o mundo quando o foto repórter e biólogo Chris Jordan mostrou o que descobriu. Pequenos pedaços de plástico, considerados por muitos demasiado pequenos para causar qualquer problema, matam todos os dias inocentes albatrozes que os confundem com comida. Midway acompanha o sofrimento e a morte que mais ninguém sem ser o ser humano provocou e que mais ninguém sem ser o ser humano tem o dever de lutar para resolver.

Como podem ser as espécies animais afetadas?

Os animais sofrem bastante com o excesso de lixo despejado nos oceanos e nos rios. Acredita-se que cerca de 267 espécies marinhas estão a ser ameaçadas pelo plástico. Os detritos são capazes de sufocar, deformar e ferir animais que por acidente os ingerem ou arrastam. Milhares de animais são afetados porque o ser humano não foi capaz de colocar aquela garrafa de plástico no ecoponto. O lixo que vagueia sem fim no mar tem um grande impacto nos animais que nada fizeram para merecer o destino que acabam por ter. No entanto, se ainda não está convencido que deve fazer algo a respeito, espere para saber o impacto que tem em si.

Como seria a sua reação ao descobrir que o peixe que come já se alimentou de plástico?

Este lixo afeta todos. Os detritos afetam toda a cadeia alimentar. Os microplásticos, um material que é bastante difícil de identificar e resolver, entram na cadeia alimentar dos animais mais pequenos e fazem a sua escalada até ao topo. Estas partículas são transferidas do sistema digestivo destes animais para o circulatório. Dessa forma, para além da toxicidade presente nestas partículas, também órgãos importantes são danificados como o coração ou o fígado.

Mas o que são os microplásticos?

Os microplásticos são partículas com menos de 5 milímetros que resultam de partículas de maiores dimensões. O seu diminuto

Microplásticos – Autor: Pedro Gonçalves

tamanho torna-as difícil de localizar e o facto que 80% dos resíduos no mar ser plástico, torna a sua circulação cada vez mais comum nos oceanos. Os plásticos são criados para conseguirem suportar uma grande variedade de usos e não são biodegradáveis, o que significa que estes microplásticos podem flutuar, estar em suspensão, depositar-se nos fundos oceânicos ou nas praias e continuar uma degradação lenta. Quanto mais pequenos estes plásticos são, mais perigos podem causar.

Quem mais nos pode contar sobre o quanto o lixo está presente no mar do que pessoas que trabalham nele?

Pescadores entrevistados afirmam que durante a sua vida no mar já encontraram quantidades exorbitantes de lixo e dizem ter observado um desrespeito contínuo perante o local onde trabalham. Redes perdidas, instrumentos de pesca, garrafas de vidro que vêm presas em redes… às vezes cabos de arame misturam-se com as redes e provocam problemas no trabalho destes pescadores. Plásticos e cartão são os materiais mais encontrados. “As correntes de água é que mandam” afirmou um dos pescadores entrevistados “vai à superfície. Tal está aqui como já está muito longe”. O lixo é transportado para todo o lado e todos os países se devem unir para impedir este problema de se continuar a espalhar. É algo que afeta todos e todos o devemos tentar resolver.

O desastre dos ovos Kinder

Em Janeiro de 2017, ao mesmo tempo que a tempestade Axel atingia a Alemanha, um carregamento de ovos Kinder derramou de um navio e foi dar à costa de uma praia Alemã. Cerca de 10 toneladas deram á costa e foram recolhidas, mas o problema é que provavelmente outras dez toneladas podem ter ficado no mar. As surpresas dentro dos ovos kinder podem ser um grande problema para as espécies que se podem alimentar destes. Infelizmente, foi um assunto que a comunicação social abordou de forma pouco aprofundada.  De acordo com a engenheira ambiental Patrícia Silvério, a preservação ambiental e os problemas que o acidente pode causar deviam ter sido dados mais importância para que as pessoas não vissem o assunto como o milagre dos ovos kinder, mas como a catástrofe dos ovos kinder.

Educação Ambiental

Em Portugal, a educação ambiental é desenvolvida através do oceanário de Lisboa e também da associação ABAE que através do programa Eco Escolas envolve escolas de todo o país. A nível mundial, a ONU pretende eliminar o lixo a um nível constante e a Europa criou a economia circular que visa reduzir os resíduos em 30% até 2020. O contributo de todos é necessário e é por essa mesma razão que o Externato Dom Fuas Roupinho na Nazaré pretende transmitir a mensagem à comunidade, entregando pulseiras e marcadores de livros para divulgar a mensagem.

Oceano e o mundo

O oceano é um meio de comunicação, transporte, de recursos vivos e medicamentos, gerando empregos sendo por isso promotor da economia do País. As zonas costeiras têm um papel essencial pois através de desportos, lazer e serviços que o ecossistema presta dão à sociedade um bem-estar e qualidade de vida.

A Terra é composta em 70% por oceanos, que albergam uma grande biodiversidade, mas também é usado como local de despejo.

Poluição é qualquer alteração provocada no meio ambiente, que pode ser um ecossistema natural ou agrário, um sistema urbano ou até mesmo em microescala. O termo poluição deriva do latim “poluere”, que significa “sujar”. Poluição marinha é aquela caracterizada pela presença de lixos sólidos e poluentes líquidos nas águas dos mares e oceanos, que são frutos de atividade humana.

O que é o lixo marinho?

O lixo marinho é qualquer material duradouro, abandonado na costa ou no mar, que forma um problema global em crescimento e uma ameaça direta para o meio marinho. O lixo que vemos nas nossas praias é 15% de todo o lixo que existe nos oceanos de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), 15% do lixo marinho flutua à superfície ou está na coluna de água. Os restantes 70% estão nos fundos marinhos. Apesar de toda a investigação feita, não é possível o conhecimento da quantidade de plástico existente no oceano, pois durante a degradação o plástico pode atingir dimensões microscópicas, tornando-se invisível. Este é claramente um exemplo de um problema que não tem uma solução única que se adeqúe a todos, mas, que requer uma abordagem integrada e esforços concertados. Por ser um problema global e sem fronteiras as soluções devem envolver parcerias internacionais.

Que consequências existem para o meio ambiente?

Existem várias consequências para o meio ambiente: prejuízos para os ecossistemas marinhos, principalmente desequilíbrio ecológico, contaminação de peixes e outros animais marinhos que serão consumidos por pessoas, mortes de pássaros que se alimentam de peixes contaminados, águas das praias tornam-se impróprias para o banho, alta mortalidade, dependendo da poluição, de espécies animais marinhas, degradação de regiões de mangues.

Quais são as principais causas da poluição?

As principais causas da poluição marinha são: petróleo, combustíveis e outros produtos químicos que chegam as águas dos oceanos quando ocorrem vazamentos em navios ou são descartados propositalmente por pessoas responsáveis por embarcações, acidentes em oleodutos ou plataformas de petróleo que geram vazamento para as águas marinhas (Maré Negra), lixos materiais (plásticos, ferros, vidros entre outros) que são atirados por pessoas que estão em navios ou deixados na praia, lançamento de esgoto doméstico e industrial, sem o devido tratamento, nas águas, descarga de lama, deposição de resíduos radioativos ou perda acidental de submarino nuclear.

Quais são as origens do lixo?

Existem várias origens para o lixo, de origem terrestre temos o Littering (lixo de forma descuidada na costa), deposição de resíduos sólidos, aterros sanitários, atividades industriais, águas pluviais, transborde de águas de esgoto; de origem marinha temos a pesca comercial, embarcações recreativas, navios marcantes, militares e de investigação científica e plataformas de petróleo e de gás offshore.

Qual a intervenção da polícia marítima neste problema?

Entrevistámos algumas pessoas que viveram em ambiente marítimo muito tempo da sua vida, obtivemos algumas informações acerca do tema em questão. Soubemos que, antigamente, a quantidade de resíduos no meio do oceano era em menor quantidade do que em tempos recentes, ou seja, houve um acréscimo acentuado na poluição marítima de alguns anos para cá. No entanto, na costa portuguesa, mais concretamente, na Nazaré, infraestruturas como o porto de abrigo continham grandes quantidades de lixo, havendo ser preciso efetuar limpezas e inspeções, frequentemente, às águas.

Soubemos também, através de colaboradores da Policia Marítima da Nazaré, que foram impostas medidas de prevenção, aos pescadores, para a diminuição da poluição das águas marítimas costeiras, como multas, e que nas alturas de abastecer os navios/barcos a policia marítima da nazaré terá de estar presente. Assim, os despejos de poluentes no mar têm vindo a diminuir, mesmo que as autoridades não consigam ter um controlo total sobre estas más ações da população. Outras medidas postas em prática são o uso de barreiras, de forma a conterem a poluição e através de um departamento que tem como função o combate à poluição ( DCP- Departamento de Combate à Poluição).

Para a redução efetiva da poluição a nível marítimo a Policia Marítima da Nazaré, aconselha a Camara Municipal da Nazaré e a Junta de Freguesia da Nazaré a tomarem decisões preventivas como a utilização de campanhas de sensibilização ao longo da cidade, para que os habitantes nazarenos e todos os outros visitantes á nossa terra tenham conhecimento de como devem agir e atuar em situações deste tipo. Ainda foi dada a ideia de aumentar o número de caixotes do lixo ao longo da praia e do resto da cidade, porque devido à grande abundância turística e populacional, os caixotes existes irão encher rapidamente e estimular as pessoas a deixarem o lixo em algum canto da nossa terra.

João Grácio, Jéssica Coutinho, Inês Sofia