Rock ‘n Limpo?

Num evento da dimensão do Rock In Rio Lisboa, a gestão eficiente dos resíduos revela-se essencial ao bom funcionamento do evento. Na 7ª edição do evento, colaboradores, stands, patrocinadores, bandas e público em geral estão mais envolvidos na atitude sustentável crescente do RIR.

Num evento da dimensão do Rock In Rio Lisboa, a gestão eficiente dos resíduos revela-se essencial ao bom funcionamento do evento. Na 7ª edição do evento, colaboradores, stands, patrocinadores, bandas e público em geral estão mais envolvidos na atitude sustentável crescente do RIR.


Certificações ambientais do Rock In Rio Lisboa

O Rock In Rio Lisboa é certificado pela sociedade Ponto Verde com a marca 100R – Reciclagem 100% garantida, desde 2008, responsabilizando-se pelo encaminhamento correto dos resíduos gerados durante o evento, para as entidades competentes e colocando em prática procedimentos mais corretos e alternativas mais sustentáveis. O Rock In Rio recebeu, também, a primeira certificação na norma internacional ISO 20121, em 2013, na qual algumas das questões a ter em conta, para garantir a sustentabilidade do evento, são a utilização inteligente dos recursos, escolha responsável dos materiais mais adequados e redução, deposição e gestão de resíduos.

Separação, recolha e processamento de resíduos

“Tentamos com a Valorsul separar todos estes materiais, que têm um potencial muito grande e que podem ser recuperados” afirma Rita Lucas, técnica superior do Departamento Municipal de Higiene Urbana, da Câmara Municipal de Lisboa. A Valorsul é a empresa responsável pela valorização e tratamento dos resíduos urbanos produzidos na zona de Lisboa, sendo a sensibilização, nos stands promotores do RIR, responsabilidade da Sociedade Ponto Verde. Joaquim Rodrigues, trabalhador responsável pela recolha de lixo no recinto, considera que apesar de algumas falhas, já se regista uma separação notória dos diferentes resíduos, sendo que “no primeiro ano os filhos ensinaram os pais e a partir daí já foi diferente”.

Rita Lucas considera que em relação à primeira edição, o público se encontra mais sensibilizado para a problemática da produção massiva de resíduos, recorrendo cada vez mais aos diversos contentores em que é possível separar as embalagens dos resíduos indiferenciados.

O grande número de contentores no recinto evita a acumulação de lixo fora dos espaços destinados ao efeito.

As embalagens separadas no recinto são direcionadas para a central de triagem, e os indiferenciados são incinerados. É notória uma maior tolerância por parte da Valorsul, em relação à separação das embalagens, ignorando, por vezes, possíveis misturas de matéria orgânica com as mesmas. No entanto, Rita Lucas admite que a sensibilização do público, para incentivar à separação de resíduos, não está desenvolvida como seria ideal, sendo a reciclagem apenas facilitada pela presença de cada vez mais contentores no espaço do evento.

Sensibilização dos envolvidos no RIR

Alguns dos visitantes do Rock In Rio Lisboa 2016 assumiram não ter conhecimento de projetos relacionados com as problemáticas ambientais postos em prática no festival, mas tentam reciclar tanto no recinto como em casa, sentindo-se incentivados a fazê-lo pela presença constante de contentores.

Os restaurantes representados em stands do evento também aderem, de uma maneira geral, às questões ambientais sensibilizadas pela organização do RIR. O Chef Kiko, representado num stand no recinto, e com preocupações ambientais bastante presentes, apoia o uso de produtos alimentares biológicos e a diminuição de grande parte das embalagens, afirmando que “no que toca à reciclagem, acho que Portugal já está na linha da frente”.

Desde 2008, a organização do RIR premeia os seus parceiros que se destacam pela sua performance sustentável dentro do RIR, com o prémio “Rock in Rio Atitude Sustentável”, e a edição de 2016 não será exceção. Apesar disso, a existência deste prémio e de outras iniciativas ainda não foi totalmente abraçada por todos os parceiros, pois ainda existem muitos a não possuir conhecimento da existência destas ações.

“Aliar a música ao ambiente é possível, mas no nosso caso nunca foi um tema”, comenta Gonçalo Formiga, vocalista e guitarrista dos Cave Story. A banda admite não ter grande conhecimento dos projetos de cariz ambiental desenvolvidos no Rock In Rio Lisboa, mas considera que é importante que eventos de grande escala, como este, fomentem a criação de comportamentos sustentáveis.

Os resultados das medidas de sensibilização

Após a recolha dos resíduos produzidos durante o primeiro fim de semana, da edição do RIR Lisboa 2016, registou-se um total de 12.960kg de resíduos indiferenciados, 12.140kg de embalagens e 823kg de vidro. Na montagem, o total de resíduos indiferenciados produzidos foi 9.360kg1.

A adoção de práticas mais exigentes, de forma contínua, de edição para edição, tem vindo a contribuir para uma melhoria do ambiente do festival e para a mudança dos comportamentos do público e dos restantes envolvidos no mesmo.

 

1Dados fornecidos pela Câmara Municipal de Lisboa.

Joana Pedro, Duarte Belo, Miguel Rocha