O Renascer do Zoo de Lisboa

Leonel Carvalho, arquiteto e diretor de manutenção do Jardim Zoológico de Lisboa há mais de 20 anos, foi o principal responsável pela forma como o recinto do Jardim Zoológico se apresenta hoje.

Nos anos 90, a ausência de know-how sobre a vida animal, e a falta de sensibilização e informação generalizada

Leonel Carvalho, arquiteto e diretor de manutenção do Jardim Zoológico de Lisboa desde os anos 90

Leonel Carvalho, arquiteto e diretor de manutenção do Jardim Zoológico de Lisboa desde os anos 90

sobre a importância para a preservação ambiental, tornava o Jardim Zoológico numa autêntica “montra de animais”. Não existia “ética ambiental”, refere Leonel.

De facto, nesta altura, os animais eram exibidos nas suas instalações como objetos, sendo mantidos em jaulas pequenas, com chão de cimento e paredes revestidas de azulejo, “sem acesso ao sol, à lua e às estrelas”, refere Leonel.

Ao longo do tempo, a proteção e conservação ambiental e consequente aproximação com a natureza, a sensibilização do público para as questões ligadas ao ambiente foi progressivamente encarada como um fator crítico de sucesso para aproximar o Jardim Zoológico de Lisboa, dos restantes Jardins Zoológicos, que já nos anos 90 apresentavam um planeamento e desenho dos jardins, bem como uma organização e configuração de todo o recinto contemporâneo.

No decorrer do longo processo de renovação das instalações, verificou-se uma crescente sensibilização da população em geral, e dos trabalhadores do Jardim, em particular para a preservação das espécies.

A preservação das memórias e identidade do Jardim foi uma das preocupações principais. “Procurou-se manter as instalações dos animais nos mesmos locais”, e “manter os nomes dos locais onde se encontravam determinadas espécies, como o Solar do Leões e a Aldeia dos Macacos”, explica Leonel. De facto, o recinto manteve a sua área, mas todas as instalações sofreram profundas alterações, quer em dimensão, quer nas condições para o crescimento e desenvolvimento dos animais. Face às restrições de área disponível e tendo como princípio que cada animal necessita de espaços próprios para o seu desenvolvimento, algumas espécies foram levadas para outros Jardins Zoológicos, mantendo-se no Jardim Zoológico de Lisboa, as espécies mais ameaças e com grau de perigo de extinção mais elevado.

O enriquecimento ambiental começou progressivamente a ganhar corpo e a ser uma das prioridades. Recriar os habitats naturais dos animais, tendo em conta as especificidades de cada espécie era encarado como fundamental para garantir o bem-estar animal e consequentemente para assegurar a sua reprodução e eventual reintrodução dos animais no seu habitat natural.

Atualmente o Jardim Zoológico funciona como centro de conservação, reprodução e reintrodução de espécies em vias de extinção e outras espécies selvagens, através de programas de investigação científica e de enriquecimento ambiental, aliando sempre uma forte componente educativa a uma forte componente recreativa, tendo como lema: “Educar para Conservar”. O jardim faz parte de diversos programas de conservação de espécies selvagens e habitats em risco, apoiando também alguns programas de reintrodução de algumas espécies selvagens.   Neste momento, o Jardim realiza diariamente um trabalho de excelência centrado no bem-estar animal e na sua conservação.

Ana Vítor Moreira, Catarina Augusto, Guilherme Dias, Margarida Maneta, Miguel Rocha, Sara Sousa